Luana é carismática e bonita. Não me venham acusar de machista por constatar e apreciar. Com “a política do apropriado”, ficou feio falar das belas. O irlandês maldito Oscar Wilde dizia que “a beleza é superior à genialidade porque não precisa de comentário; ela é um dos fatos do mundo, não pode ser interrogada, é soberana por direito divino”. E sabemos bem que ele não se referia especificamente às mulheres.
Espero que a infectologista vencedora de bolsa de prestígio para a Universidade Johns Hopkins conviva bem com os elogios e a fama repentina. Importante é seu percurso como médica, suas palestras sobre doenças infecciosas, como voluntária, para crianças e adolescentes. Ela mora em Nova Lima (MG) com o marido, fotógrafo oficial do time do Cruzeiro. Virou a musa da CPI pelo que pensa e fala.
Luana podia ser tudo, menos secretária extraordinária de enfrentamento à Covid no governo Bolsonaro. Ainda levaram 10 dias para perceber que ela era uma médica séria, a favor de máscara, distanciamento social, vacinas. Luana já tinha dito que o Brasil, no combate à pandemia, estava “na vanguarda da estupidez mundial” e que o tratamento precoce das Nises e Mayras não passava de “neocurandeirismo”. No Senado, ao ser confrontada com um vídeo do presidente contra máscaras, reagiu: “Como médica, é muito ruim ver isso. Isso dói”.
Tenha cuidado com os efeitos colaterais dos holofotes, Luana. Já surgiram perfis fake sobre você. Os bolsonaristas não perdoarão a goleada acachapante que você impôs a quem despreza a vida. São um rebanho imune à razão, pronto a se imolar em nome do capitão. Aplaudem mentiras cínicas e debochadas.
“Mais de 320 dias. Esse seria o tempo em que teríamos de ficar quietos para respeitar um minuto de silêncio para cada uma das mais de 460 mil mortes por Covid-19 no Brasil. Só de ontem para hoje, é como se mais de 12 aviões comerciais grandes, lotados tivessem caído em nosso território. Essa é a razão pela qual eu estou aqui hoje. Para mim, isso é intolerável e qualquer pessoa precisa fazer o que estiver a seu alcance para impedir essa hecatombe”.
Você lavou nossa alma, Luana, com sua lealdade aos pacientes e ao Brasil.