Por Igor Waltz*
12/02/2015
A ação de grupos extremistas como o Estado Islâmico e o Boko Haram contribuiu para o “declínio drástico” dos índices de liberdade de imprensa em todo o mundo em 2014. Essa é uma das conclusões do relatório anual da organização internacional Repórteres Sem Fronteira (RSF), divulgado nesta quinta-feira, 12 de fevereiro. O documento aponta que, dos 180 países analisados, dois terços tiveram piora em seu desempenho.
“Houve uma deterioração geral ligada a diferentes fatores, com guerras de informação, e ações de grupos não-estatais que agem como déspotas”, afirmou o secretário-geral da organização Christophe Deloire.
O Índice da Liberdade de Imprensa de 2015 contabiliza 3.719 violações à liberdade de informação em 2014, 8% a mais do que no ano anterior. Todos os territórios envolvidos em conflitos, do Médio Oriente à Ucrânia, promoveram uma “assustadora guerra de informação”, em que os jornalistas foram identificados como alvos a abater, capturar ou pressionar.
A entidade acusou uma ligeira melhora nas condições de liberdade de imprensa no Brasil, que neste relatório perde para o México seu status de nação “mais letal para jornalistas do Hemisfério Ocidental (para assassinatos diretamente relacionados à profissão)”. O país subiu 12 posições, passando do 111° ao 99° lugar.
O topo do ranking é ocupado por Finlândia, Noruega e Dinamarca, principalmente por causa das regras liberais em matéria de acesso à informação governamental e à proteção das fontes jornalísticas. Na Finlândia, os cidadãos têm, desde 2010, até mesmo direito legal a conexão de banda larga a preços acessíveis.
O final do ranking se manteve inalterado, sendo ocupado por Eritreia, Coreia do Norte e Turquemenistão – ditaduras que controlam a mídia de seus países.
Grupos extremistas
De acordo com o relatório, o Estado Islâmico, na Síria e no Iraque; o Boko Haram, no norte da Nigéria e Camarões; e organizações criminosas na Itália e na América Latina usaram “medo e represálias para silenciar jornalistas e ‘bloggers’ que se atrevem a investigar ou se recusam a agir como ‘pé de microfone'”,.
“A criminalização da blasfêmia coloca em perigo a liberdade de informação em metade dos países do mundo”, afirma também o relatório, alertando para o facto de extremistas religiosos perseguirem, por vezes, jornalistas ou ‘bloggers’ que acreditam não respeitarem suficientemente o seu deus ou profeta.
*Com informações da Agência Lusa, AFP e Deutsche Welle.