27/01/2022
Publicado no portal Media Talks.
Londres – A saga jurídica de Julian Assange teve um capítulo comemorado como vitória pela defesa liderada por sua companheira, Stella Morris.
O Supremo Tribunal decidiu que o fundador do Wikileaks pode solicitar uma audiência ao mais alto tribunal do Reino Unido para apelar da decisão de dezembro, que deu aos EUA o direito de extraditá-lo para responder em solo americano pelo vazamento de segredos de guerra do país.
Os advogados de Assange agora têm 14 dias para fazer o pedido à Suprema Corte, e não há garantia de que a audiência será concedida. Por enquanto ele continua no Reino Unido.
Julian Assange está preso na penitenciária de segurança máxima de Belmarsh desde 2019, quando foi retirado da embaixada do Equador em Londres, onde se encontrava asilado para escapar da extradição.
Em janeiro de 2021 a extradição foi negada pela juíza distrital Vanessa Baraitser. Ela aceitou os argumentos da defesa de que Assange estava com a saúde mental debilitada e corria risco de cometer suicídio se fosse levado para os EUA.
O Departamento de Estado dos EUA conseguiu revogar essa decisão em dezembro de 2021, abrindo caminho para a extradição, mas a defesa do ativista anunciou que continuaria tentando evitar a transferência.
Após o resultado, ela afirmou que a decisão foi um “grave erro judiciário” e prometeu que a equipe jurídica de Assange “apelaria dessa decisão o mais rápido possível”.
Ela tem dois filhos com Assange, resultado de um relacionamento iniciado quando ele estava refugiado na embaixada equatoriana.
Diante do tribunal, Morris falou sobre a decisão, lembrando o sofrimento do fundador do Wikileaks:
“O que aconteceu no tribunal hoje é precisamente o que queríamos que acontecesse… a Suprema Corte tem bons motivos para ouvir esse apelo”.
“Julian continua sofrendo – por quase três anos, ele está na prisão de Belmarsh, e está sofrendo profundamente dia após dia, semana após semana, ano após ano.
“Mas estamos longe de fazer justiça neste caso porque Julian está preso há tanto tempo e não deveria ter passado um único dia na prisão.”
Embora Julian Assange não seja um jornalista empregado em um veículo de comunicação, o caso é tratado pelas organizações internacionais de defesa da liberdade de imprensa e de expressão como um risco para o jornalismo.
Os segredos militares das guerras do Iraque e do Afeganistão revelados por ele no site Wikileaks foram publicados pela imprensa em todo o mundo.
A punição para a exposição desses segredos é vista como um precedente que pode impedir revelações importantes para a sociedade.
A Federação Internacional de Jornalistas foi uma das que comemorou a decisão desta segunda-feira e cobrou sua libertação incondicional.