Assange está livre! A luta continua!


02/07/2024


Foto: Alex Ellinghausen

Uma enorme multidão de apoiadores de Julian Assange, aglomerou-se no átrio do East Hotel em Canberra na esperança de ver o fundador do WikiLeaks libertado.

A esposa de Assange, Stella Assange; seu pai, John Shipton; e os advogados Jennifer Robinson e Barry Pollack deverão realizar uma conferência de imprensa no hotel em breve. Não se espera que Assange fale.

Assange chegou a Camberra num voo fretado pouco depois das 19h30 de terça-feira (25). Foi a primeira vez que ele pisou na Austrália em 15 anos, depois de mais de uma década em auto-exílio ou na prisão britânica.

O presidente da ABI, Octávio Costa, disse, em nota, nessa terça-feira (25), que a entidade sempre esteve ao lado do jornalista australiano, Julian Assange, fundador do WikiLeaks e alvo de implacável perseguição do governo dos Estados Unidos desde 2011. “Assange exerceu seu ofício de jornalista ao revelar documentos secretos sobre crimes praticados por tropas norte-americanas no Afeganistão. Mas foi processado exatamente por esse motivo”, diz a nota.

“Qual um Ulisses dos tempos modernos, amargou doze anos de privações, com a ameaça de cumprir pena de 175 anos com base em legislação da I Guerra Mundial. De 2012 a 2019, Assange viveu asilado na embaixada do Equador em Londres. Com o fim do refúgio, foi detido pela polícia britânica e ficou cinco anos na prisão de Belmarsh, no aguardo de extradição para os EUA”, continua.

“Foram doze anos de afronta à liberdade de imprensa. Um escândalo, uma vergonha. Sob pressão de Washington, o Reino Unido ameaçava extraditar para os EUA um cidadão australiano cujo único crime foi o de praticar jornalismo profissional e de alta qualidade. Vale lembrar que vários grandes jornais que reproduziram as informações do WikiLeaks foram elogiados e ganharam prêmios de reportagem”, argumenta.

“No Dia de São João, chegou ao fim a odisséia de Julian Assange, que agora deve voltar ao seu país de origem. A ABI, que, entre vários atos de apoio, recebeu no ano passado John Shipton, o pai de Assange, junta-se às entidades e jornalistas do mundo que estão comemorando a libertação do colega australiano. Fizemos o bom combate e temos motivo para nos unirmos à festa da combativa Stella Assange, que tanto lutou pela libertação de seu marido”, comemora.

“Viva Assange!!! Viva a liberdade de imprensa!!! Mas é bom não esquecer que ainda há centenas de jornalistas presos, processados, perseguidos e censurados pelo mundo afora. Alguns casos acontecem aqui mesmo no Brasil. Assange está livre. Mas a luta pela liberdade de imprensa continua”, comemora.

Liberdade

Assange foi liberado da prisão de segurança mxima onde estava detido há mais de cinco anos na capital do Reino Unido, Londres, na segunda-feira (24). Assange concordou em se declarar culpado em um tribunal dos Estados Unidos por revelar segredos militares, em troca da sua liberdade. O acordo encerra assim um longo drama legal.

Assange comparecerá a um tribunal das Ilhas Marianas do Norte, um território estadunidense no Pacífico. Segundo o acordo, ele se declarará culpado de conspiração para obter e disseminar informações de defesa nacional. Assange se opôs a ser extraditado para território estadunidense, onde sua defesa temia que ele poderia ser condenado até à morte.Segundo o jornal New York Times, ele comparecerá à corte da cidade de Saipan na manhã da quarta-feira, rumando depois, novamente a seu país natal.

O site wikileaks comemorou. Veja abaixo a tradução do post publicado no X:

“Julian Assange está livre. Ele deixou a prisão de segurança máxima de Belmarsh na manhã de 24 de junho, depois de ter passado 1.901 dias lá. Ele recebeu fiança do Supremo Tribunal de Londres e foi libertado no aeroporto de Stanstead durante a tarde, onde embarcou em um avião e partiu do Reino Unido.

Este é o resultado de uma campanha global que abrangeu organizadores de base, defensores da liberdade de imprensa, legisladores e líderes de todo o espectro político, até às Nações Unidas. Isto criou espaço para um longo período de negociações com o Departamento de Justiça dos EUA, conduzindo a um acordo que ainda não foi formalmente finalizado. Forneceremos mais informações o mais breve possível.

Depois de mais de cinco anos numa cela de 2×3 metros, isolado 23 horas por dia, ele em breve se reunirá com sua esposa Stella Assange e seus filhos, que só conheceram o pai atrás das grades.

O WikiLeaks publicou histórias inovadoras sobre corrupção governamental e violações dos direitos humanos, responsabilizando os poderosos pelas suas ações. Como editor-chefe, Julian pagou caro por esses princípios e pelo direito do povo de saber.

Ao regressar à Austrália, agradecemos a todos os que estiveram ao nosso lado, lutaram por nós e permaneceram totalmente empenhados na luta pela sua liberdade”.

A esposa de Assange, Stella Assanse, postou no X:
“Julian está livre !!!! Não há palavras para expressar nossa imensa gratidão a VOCÊS – sim, VOCÊS, que se mobilizaram durante anos e anos para tornar isso realidade. OBRIGADA. OBRIGADA. OBRIGADA”.

O fundador do WikiLeaks foi detido pela polícia britânica em 2019 e está preso na penitenciária de segurança máxima Belmarsh, em Londres. Antes, havia passado sete anos confinado na embaixada do Equador em Londres, onde buscou refúgio para evitar a extradição por acusações de agressão sexual na Suécia, que mais tarde foram retiradas. O jornalista despertou a ira dos EUA por divulgar um grande número de documentos que provavam crimes cometidos por militares do país em suas campanhas no Iraque e no Afeganistão, na chamada “guerra contra o terror”.