Por Cláudia Souza*
26/05/2015
Um tribunal especial da capital Teerã iniciou nesta terça-feira, dia 26, a apreciação da do processo contra o jornalista Jason Rezaian, correspondente do “Washington Post”, detido em julho de 2014 no país sob a acusação de espionagem, coleta de informações sobre política interna e externa, colaboração com governos hostis, e propaganda contra a República Islâmica.
No último mês de março, o presidente dos EUA, Barack Obama, pediu ao governo do Irã a libertação imediata de três cidadãos norte-americanos presos no país, incluindo o jornalista contra o qual recaem “acusações vagas”, de acordo com Obama. Irã e Estados Unidos não mantém relações diplomáticas desde 1979.
O iraniano-americano Jason Rezaian chefiou a redação do “Post” em Teerã, entre 2012 e a data da prisão, e era colaborador dos veículos “San Francisco Chronicle”, “GlobalPost”, “Slate”, “Monocle”, entre outros.
O editor-executivo do “Washington Post”, Martin Baron, em comunicado oficial, criticou a posição do governo iraniano: “É absurdo e desprezível afirmar, como está fazendo a justiça iraniana, que o trabalho de Jason, como freelancer e correspondente do “Post” em Teerã, seja traduzido como espionagem ou algo que represente uma ameaça à segurança do Irã, lembrando que Jason envia matérias para “San Francisco Chronicle”, “GlobalPost”, “Slate”, “Monocle”, entre outros veículos de imprensa.
A audiência desta terça-feira, 26, durou três horas e aconteceu a portas fechadas, na corte especial que analisa apenas casos políticos. O jornalista foi notificado sobre as acusações, mas ainda não apresentou defesa.
Nesta segunda-feira, 25, o Washington Post lamentou que o público não tenha acesso ao julgamento do jornalista. “Os parentes dele, incluindo a esposa, a jornalista Yeganeh Salehi, que também enfrenta acusações do governo iraniano, não poderão participar do julgamento. Nosso jornal tentou obter, sem sucesso, autorização para a cobertura das audiências. O destino de um homem inocente está na balança. O Irã está fazendo uma declaração de seus valores no tratamento vergonhoso ao nosso colega”, declarou Martin Baron.
O Coordenador do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) para o Oriente Médio e Norte da África, Sherif Mansour, afirmou que considera o julgamento uma farsa: “Após mais de 300 dias de detenção injustificada, o governo iraniano teria a obrigação de libertar Jason Rezaian, mesmo que sob fiança.”
*Com Post e agências internacionais.