06/03/2009
As questões relacionadas à saúde não são tratadas pelos veículos de comunicação com a devida atenção de uma prestação de um serviço público. Essa é a opinião dos jornalistas Álvaro Nascimento, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz; Mara Régia Di Perna, da Rádio Nacional; e Jocélio Leal, do jornal O Povo de Fortaleza.
As críticas dos jornalistas foram reveladas em extensa matéria publicada na página 2 da edição nº 78, de fevereiro de 2009, da revista Radis — publicação da Fundação Oswaldo Cruz, editada pelo Programa Radis (Reunião, Análise e Difusão de Informação sobre Saúde).
Álvaro, Mara e Jocélio questionaram a forma como os meios de comunicação tratam dos problemas de saúde, durante as suas participações na mesa-redonda “Comunicação, consumo e construção da (in) consciência sanitária”, promovida pelo 4º Simpósio Brasileiro de Vigilância Sanitária, realizado em Fortaleza, em novembro do ano passado.
Segundo a reportagem da Radis, Álvaro Nascimento é bastante crítico com relação ao que ele chama de “formação generalista dos repórteres”, situação que segundo o jornalista contribui para que as abordagens dos fatos relacionados à saúde sejam veiculados na imprensa de forma superficial: “Não se cria uma consciência sanitária”, afirmou.
Mara Régia e Jocélio Leal se manifestaram contra a chamada agenda setting, por meio da qual a mídia pauta a opinião pública destacando ou preterindo temas. Segundo Mara, que comanda na rádio Nacional o programa “Alô alô, Amazônia”, como as emissoras são concessões públicas deveriam ser obrigadas a “divulgar cidadania”:
— Temos que fazer valer isso na nossa comunicação, seja nas metrópoles ou nas florestas, declarou.
Jocélio disse reconhecer que os jornais são pautados pelos discursos que legitimam o mercado e acabam ditando a agenda setting:
— O importante é ser pautado pelo interesse público, e não pelo interesse do público que nem sempre está preocupado com a cidadania, afirmou o jornalista.