O cartunista brasileiro Carlos Latuff não foi o único profissional de comunicação na
lista dos dez maiores antissemitas de 2012, divulgada pelo Centro Simon Wiesenthal. O jornalista alemão Jakob Augstein aparece em nono lugar, o que gerou indignação e perplexidade em meios judaicos e políticos da Alemanha. Na listagem, ele acompanha a Irmandade Muçulmana do Egito, o regime do Irã e partidos extremistas europeus.
“Fiquei bastante espantada”, disse Juliane Wetzel, do Centro de Estudos sobre o Antissemitismo da Universidade Técnica de Berlim. “Com certeza, pode-se argumentar que a crítica de Augstein a Israel é, por vezes, exagerada. Mas isso não tem nada a ver com antissemitismo propriamente dito”, afirmou.
Atualmente, a organização com sede em Los Angeles se concentra no combate ao racismo e ao antissemitismo. A lista das “dez mais importantes difamações antissemíticas/anti-israelenses” é publicada anualmente. O rabino Abraham Cooper, responsável pela compilação da lista, declarou que manterá sua seleção, apesar das críticas.
O Centro Simon Wiesenthal fundamenta suas acusações contra o colunista com cinco citações, todas retiradas de artigos para o conceituado periódico Spiegel Online. Neles, Jakob Augstein condena a política externa de Tel Aviv; defende o controverso poema de Günther Grass crítico a Israel; e define Gaza como “um local do fim dos tempos, em termos do que é humano”.
Ao lado dessas citações, o SWC reproduz as seguintes frases, publicadas no site do semanário Spiegel em novembro de 2012: “Mas os judeus têm seus próprios fundamentalistas. Só que os nomes deles são outros: ultraortodoxos ou haredim. […] Dez por cento de 7 milhões de israelenses pertencem a esse grupo. […] Essa gente é do mesmo feitio que seus adversários islâmicos”.
Wetzel analisa as frases de Augstein: “Considero essas avaliações falsas e a comparação não leva a nenhuma constatação relevante. Mas não se trata de declarações de teor antissemita”.
O editor-chefe da edição online da revista Spiegel, Mathias Müller von Blumencron, afirmou que “Jakob Augstein escreve textos polêmicos, por isso ele é colunista da Spiegel Online“.
Augstein, que também edita o semanário Der Freitag, afirmou na internet que “o Centro Simon Wiesenthal conta com todo o respeito, por sua luta contra o antissemitismo. Tão mais deplorável, portanto, quando essa luta é enfraquecida. Isso acontece forçosamente quando jornalismo crítico é difamado como racista ou antissemítico”.
* Com informações da Deutsche Welle