Jornalista lança na ABI livro sobre o “Crime do Sacopã”


21/11/2006


No dia 29 de novembro, às 19h, o jornalista e escritor Adriano Barbosa lança, na sede da ABI, “Sacopã — Só a verdade”, pela Edições Condão. O livro trata da pesquisa empreendida pelo autor durante 40 anos na busca pela verdade dos fatos que envolveram o assassinato do bancário Afrânio Arsênio de Lemos, na noite de 6 de abril de 1952. O corpo do subgerente da agência do Banco do Brasil no Largo do Machado foi encontrado no interior de seu próprio carro, um Citroën preto, na Ladeira do Sacopã.

Adriano Barbosa

Adriano Barbosa conta que desvendou a cumplicidade da Justiça no processo que acabou condenando um inocente: o então jovem tenente-aviador Alberto Jorge Franco Bandeira, que morreu sem conseguir ser absolvido. Em “Sacopã”, o autor conclama o País a não esquecer o que chama de “um dos processos mais vergonhosos que tivemos na área criminal”. E diz que o livro — “ao contrário do processo” — é só verdade:
— Nas apurações que eu, o detetive Avelino e meu amigo Tenório Cavalcanti fizemos, estão abertos, escancarados, os caminhos da verdade que me torturou por todo esse tempo — mais de meio século. O livro só não aconteceu antes porque muita gente tem medo de gritar contra as injustiças e os desrespeitos de toda ordem contra os cidadãos e cidadãs.  

O autor relata nunca ter visto tanta autocensura e indiferença com o martírio do então tenente Bandeira. Para ele, a imprensa não queria tocar no assunto, ou mesmo editar um livro sobre a maior história policial do País de todos os tempos:

Repórter Michel Tauriacda Organização Rádio e Televisão Francesa e Adriano Barbosa na redação de O Globo

— Eu não sabia que tanta gente tremia diante da verdade. Desde aí, cravei na pedra da minha memória a frase do líder negro Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. E o pior é que os bons preferem continuar em silêncio. 

Antes que se pergunte se o jornalista já atuou na Repol (Reportagem Policial), é bom saber que Adriano Barbosa criou a Repol do Globo que, pouco depois, se tornou uma das primeiras — se não a primeira — editorias do jornal em que ele trabalhou durante duas décadas. Aos 85 anos, Adriano é também autor de “Mariel” e “Esquadrão da Morte”:
— Os livros ficaram como documentos daqueles tempos, coisas para os arquivos da história da Polícia carioca, do Brasil, de um tempo de violência, de criminalidade, no clima social da época. “Mariel” e “Esquadrão da Morte” foram livros escritos às pressas, em meia dúzia de madrugadas na redação do Globo. Ali, chefiei a Reportagem Geral por determinação do “nosso companheiro” Roberto Marinho. 

O jornalista revela que sempre gostou de investigar, descobrir coisas, esclarecer a verdade de tudo. Segundo ele, “Sacopã” segue o mesmo rumo.