O jornalista Eduardo Carvalho, proprietário do site Última Hora News e que desde o ano passado recebia ameaças de morte pelas denúncias que publicava, foi morto na noite desta quarta-feira, dia 21, a tiros na cidade de Campo Grande (MS).
Carvalho, um policial aposentado de 51 anos que também exercia o cargo de editor-chefe da publicação online, foi baleado ontem à noite por dois homens armados com pistolas, que estavam em uma moto e o esperavam em frente a sua casa no bairro Giocondo Orsi. O comunicador, que chegava em casa com sua mulher, manobrava sua moto enquanto a mulher guardava o carro na garagem e morreu na hora em consequência de três tiros em diferentes partes do corpo.
O empresário, que já havia sofrido um atentado, dirigia o jornal digital que se caracterizou por publicar fortes denúncias contra diversos políticos e policiais no Mato Grosso do Sul. As informações publicadas pelo portal UH News em geral eram baseadas em revelações de fontes de instituições que preferiam não se identificar.
Como o jornalista já havia denunciado várias vezes que sofria ameaças e temia por sua vida, tinha licença para portar uma pistola e para usar um colete a prova de balas de uso exclusivo das Forças Armadas, que não portava no momento do atentado.
A polícia informou que, apesar das ameaças e de uma extensa lista de pessoas denunciadas pelo jornal eletrônico, ainda não tem pistas sobre suspeitos nem sobre os motivos do crime. Os responsáveis pela investigação, no entanto, admitem que o crime tem características de execução por encomenda.
O jornalista assassinado havia publicado em sua página no Facebook na terça-feira, dia 20, um comentário no qual se dizia “preparado para o que der e vier” por estar disposto a trazer à tona “muita coisa nesse final de ano”. Na mesma postagem, disse: “o baú tá cheio de ‘novidades’, cada uma mais escabrosa que a outra” (sic).
O assassinato de Carvalho é o terceiro de um jornalista ocorrido neste ano no Mato Grosso do Sul. Em fevereiro, foi morto o jornalista Paulo Rocaro, do Jornal da Praça de Ponta Porã, que era famoso por suas denúncias contra traficantes na região de fronteira. No mês de outubro, o dono do mesmo veículo, Luís Henrique Georges, chamado de Tolu, foi executado com vários tiros na Avenida Brasil, que divide o território brasileiro do paraguaio e onde Rocaro também foi morto.
Segundo as estatísticas da ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF), o novo homicídio eleva para nove o número de profissionais de veículos de comunicação assassinados no Brasil desde o início do ano.
A organização civil “Campanha Emblema de Imprensa” (PEC, na sigla em inglês) considera o Brasil o quarto país mais perigoso no mundo para jornalistas, atrás apenas da Síria (33 comunicadores mortos este ano), Somália (16) e México (10). Em outubro, durante a Assembleia que realizou em São Paulo, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) manifestou sua preocupação pelo aumento do número de jornalistas assassinados no País.
* Com informações da Agência EFE, do portal Terra e do G1.