15/02/2017
O jornalista Luís Manuel Medina, apresentador do programa “Milenio Caliente”, foi morto na manhã desta terça-feira durante uma transmissão ao vivo. O diretor e produtor, Leo Martínez, também foi assassinado no escritório da rádio FM 103,5, em San Pedro de Macorís, uma pequena cidade a cerca de 60 quilômetros da capital da República Dominicana, Santo Domingo. Dayaba Garcia, secretária da emissora, também foi baleada durante o ataque, e levada para um hospital, onde precisou passar por uma cirurgia.
O “Milenio Caliente” é um popular programa de rádio local, reconhecido pela análise política e campanhas sociais. Em semanas recentes, Medina condenou repetidamente a poluição no Lago Mallen, um santuário protegido na cidade. De acordo com a polícia, três homens foram presos, mas nenhum deles foi acusado até o momento.
— Atá agora há duas pessoas mortas e uma ferida — disse o coronel William Alcántara, porta-voz da Polícia Nacional em San Pedro de Marcorís, logo após o incidente.
O programa estava sendo transmitido tanto pela rádio como pelo Facebook. Durante a transmissão, é possível ouvir o som dos tiros, e os gritos de uma mulher, até que o sinal é cortado abruptamente. A estação de rádio fica dentro de um shopping. Olivo de Leon, do Colégio de Jornalismo, conhecia as duas vítimas:
— Atiradores abrirem fogo dentro de um veículo de mídia é sem precedentes — disse, em entrevista ao “Guardian”. — As autoridades devem investigar para determinar não apenas os assassinos, mas também os autores intelectuais para que se possa saber por que eles foram assassinados. Impunidade neste caso vai gerar temor entre jornalistas, fazendo com que eles tenham medo de falar e cumprir o seu trabalho. O governo deve garantir a liberdade de expressão.
Apesar de os assassinatos serem raros, ameaças e intimidações contra jornalistas que cobrem o crime organizado e a corrupção são comuns na República Dominicada. Em 2013, repórteres que criticaram uma controversa decisão que retirou a cidadania de dominicanos descendentes de haitianos receberam ameaças de morte e sofreram campanhas em redes sociais.
No Índice Global de Liberdade de Expressão da ONG Repórteres Sem Fronteiras, o país ocupa a 62ª posição. No ano passado, o Congresso tentou aprovar uma lei que puniria jornalistas com prisão em casos de difamação, mas a proposta foi rejeitada.
O último jornalista morto no país foi Blas Olivo, assassinado a tiros em abril de 2015. De acordo com a polícia, Olivo, que era diretor de imprensa da Associação Dominicana de Agronegócio, foi vítima de um assalto seguido de morte, apesar de o seu carro e o seu telefone não terem sido roubados.