Por Cláudia Souza*
07/12/2014
Luke Somers, 33 anos, morreu neste sábado, dia 6, durante tentativa de resgate no Iêmen, onde o repórter estava sequestrado desde setembro de 2013, juntando-se a vários outros estrangeiros, incluindo ocidentais mantidos em cativeiro por militantes de grupos armados muçulmanos sunitas no país da Península Arábica.
A operação de resgate do jornalista foi organizada por forças militares dos Estados Unidos contra os militantes do grupo terrorista Al-Qaeda. O Pentágono confirmou que a primeira tentativa de libertar Luke Somers foi realizada em novembro último, mas falhou.
O professor Pierre Korkie, da África do Sul, que também estava sendo mantido refém desde 2013, foi morto durante a operação. Uma organização não governamental sul-africana estava negociando a libertação dele.
Luke Somers, cidadão do Reino Unido, trabalhava como jornalista e fotógrafo para diversos veículos de imprensa, inclusive os locais. As reportagens se destacam pelo viés social e pacifista.
No último dia 3, o repórter apareceu em um vídeo na internet pedindo ajuda para não ser assassinado. As imagens também mostram um membro da al Qaeda, do grupo AQAP, ameaçando matar o repórter caso as exigências do grupo não fossem atendidas. A AQAP é classificada pelos Estados Unidos como um dos braços mais perigosos da al Qaeda. Ela está baseada no leste do Iêmen e vem sendo fortalecida desde 2011, logo após a queda do presidente Ali Abdullah Saleh.
De acordo com autoridades dos EUA, a AQAP tem financiado suas operações com milhões de dólares oriundos de resgates pagos em troca de reféns europeus.
— Daremos ao governo norte-americano um prazo de três dias a partir da divulgação deste comunicado para atender a nossas demandas, sobre as quais todos têm conhecimento. Caso contrário, o refém norte-americano mantido por nós vai encontrar o seu destino inevitável, ameaçou o representante da AQAP identificado como Nasser bin Ali al-Ansi.
Drones
Na tentativa de resgate dos reféns comandada pelos EUA, pelo menos nove combatentes da al Qaeda foram mortos em meio a um ataque aéreo realizado por drones na província de Shabwa, ao sul do Iêmen. O Ministério da Defesa local confirmou a realização de uma “operação de grandes proporções” na região.
O presidente Barack Obama ofereceu condolências ás famílias dos reféns, disse que a operação havia sido autorizada e condenou o “assassinato bárbaro”:
— Os Estados Unidos não pouparão esforços para trazer os americanos para casa em segurança. Os terroristas que ousarem ferir cidadãos sentirão o longo braço da Justiça norte-americana.
Somers chegou ao Iêmen em 2012, com a intenção de lecionar, mas começou a registrar imagens das ruas de Sana, capital iemenita, no momento em que o país enfrentava uma grave crise política marcada por episódios de violência desde as eleições de 2012.
O jornalista freelance Tik Root, que esteve com Somers no Iêmen, disse que ele era uma pessoa muito discreta, mas que suas fotos mostravam a crueldade do mundo.
— Seu trabalho tem uma visão cativante sobre um país que raramente é objeto de atenção mundial. Demonstra também o amor profundo e persistente de Somers pelo Iêmen e seu povo.
A morte do jornalista, classificada pelo presidente Barack Obama como “um crime “bárbaro”, aconteceu dias após Somers ter aparecido em um vídeo na internet dizendo que sua vida corria perigo:
— Busco qualquer ajuda que me permita sair daqui. Estou seguro de que minha vida está em risco”, desabafou Somers.
*Com agências internacionais.