O jornalista francês Gilles Jacquier, 43 anos, da televisão pública France-2, foi morto nesta quarta-feira, 11, na Síria, durante um ataque em Homs, centro das manifestações contra o Presidente Bashar al-Assad. De acordo com a TV síria Addounia, pelo menos oito pessoas morreram e 25 ficaram feridas, entre as quais um jornalista holandês. O Ministério das Relações Exteriores da Holanda informou que jornalista recebeu tratamento médico em um hospital local e foi liberado.
Testemunhas relataram que as vítimas do ataque teriam sido atingidas por explosivos durante uma manifestação de partidários de Bashar al-Assad, que enfrenta forte resistência popular contra o seu Governo desde março de 2011. Em novembro último, as Nações Unidas estimaram em 5 mil mortos na Síria nos últimos dez meses.
Gilles Jacquier, que trabalhava para a France-2 como cinegrafista, estava em Homs a convite do governo sírio, que exerce controle rigoroso sobre a cobertura da imprensa estrangeira.
“A certa altura, três ou quatro (granadas) caíram muito perto de nós”, afirmou para o canal belga VRT, o repórter Jens Franssen, que estava entre os 15 jornalistas que foram levados em um tour pela cidade.
Segundo a agência de notícias EFE, com a morte do cinegrafista francês, sobe para 12 o número de jornalistas mortos desde o início da chamada Primavera Árabe em dezembro de 2010: cinco deles na Líbia, dois no Egito, dois no Iêmen e um na Tunísia. Gilles Jacquier é o primeiro jornalista ocidental morto na Síria desde o começo da revolta contra o regime.
“France-2 TV recebeu com muito pesar a notícia da morte do repórter Gilles Jacquier em Homs, na Síria, em circunstâncias que ainda devem ser esclarecidas”, declarou a emissora em um comunicado.
O chanceler francês Alain Juppé disse que “cabe às autoridades sírias garantir a segurança de jornalistas estrangeiros em seu território, e proteger essa liberdade fundamental que é a liberdade de informação”.
Victoria Nuland, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA afirmou que o país lamentava muito a morte do jornalista e criticou a ausência de um “ambiente favorável” para o trabalho da imprensa na Síria.
A ONG Repórteres Sem Fronteira(RSP) divulgou nota sobre a morte do jornalista:
“Gilles Jacquier é o primeiro jornalista estrangeiro morto na Síria desde o início da revolta popular em 15 de março de 2011. Expressamos nossas condolências à sua família e colegas. Penimos às autoridades, em colaboração com os observadores da Liga Árabe, que façam o que for necessário para esclarecer esta tragédia.”
Jacquier era repórter especial do France 2 desde 1999. Começou a carreira no canal France 3, na redação regional de Lille, no norte da França, em 1991. Fez coberturas no Iraque, no Afeganistão, no Kosovo e em Israel, e realizou inúmeras reportagens para o programa “Enviado Especial”.
Em 2003, recebeu o prêmio Albert Londres por uma reportagem feita durante a segunda Intifada, a revolta palestina, e sobre a operação Muralha, comandada pelo exército israelense, em abril de 2002.
*Com AP, BBC, Reuters, O Globo, Último Segundo, G1.