Assassinato de jornalista na Índia provoca protestos


06/09/2017


Familiares da jornalista assassinada Gauri Lankesh choram em sua casa na terça (5) (Foto: STR/AFP)

 

A redatora-chefe de um tabloide semanal, Gauri Lankesh, foi morta a tiros nesta terça-feira (5), por assaltantes não identificados perto de sua casa na cidade de Bengaluru, no sul Índia. Ela era uma forte crítica do governo federal e escrevia extensivamente sobre o secularismo. O assassinato motivou um protesto de profissionais da imprensa e ativistas dos direitos humanos por todo o país. As informações são do Jornal O Globo.de

O crime ocorreu em meio às crescentes preocupações com a liberdade de imprensa na Índia. O momento é de ascendência do nacionalismo e intolerância à dissidência. Diversos grupos de jornalistas, incluindo a Editors’ Guild, o Press Club of India e a Press Association, denominaram o caso como “um assalto brutal à liberdade de imprensa”.

A agência de notícias Press Trust of India (PTI) afirmou que Gauri foi atingida por disparos no peito e na cabeça ao abrir a porta de sua residência em Bangalore. O crime é mais um marco na tentativa frustrada do país em proteger jornalistas. No Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2017, compilado pela Repórteres Sem Fronteiras, a Índia desceu três posições no ranking ocupando a 136º posição. “O jornalismo não é nada sem coragem”, disse Shekhar Gupta, jornalista indiano e comentarista político.

“Absolutamente consternado ao saber do assassinato da célebre jornalista Gauri Lankesh. Não tenho palavras para condenar este crime odioso”, publicou o governador do estado de Karnataka, Siddaramaiah pelo Twitter. “Falei com o diretor-geral da polícia e lhe encomendei que realize uma investigação rápida e profunda para levar os autores à justiça”, acrescentou o governador.

O estado de Karnataka foi palco de outros assassinatos de ativistas e professores universitários. Segundo denúncia dos ativistas, os nacionalistas hindus, em ascensão desde que tomou posse em 2014, estariam “tentando purgar todas as manifestações de pensamento anti-nacional”.

Segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, desde 1992, foram 27 casos de jornalistas mortos na Índia, em nenhum deles houve comprovação de que os crimes teriam conexão com suas atividades profissionais. A Índia,  no entanto, não tem o costume de investigar assassinatos envolvendo membros da imprensa.

Informações: O Globo