18/07/2016
O jornalista Galeno Amorim, ex-presidente da Biblioteca Nacional e ex-secretário de Cultura de Ribeirão Preto (SP), foi agredido e detido pela PM enquanto cobria a reintegração de posse de uma fazenda pública invadida pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Teto), em Ribeirão Preto, no último dia 16. O governo Alckmin planeja vender essa e outras fazendas de pesquisa para a iniciativa privada.
A Folha de S.Paulo publicou que imagens que mostram o major da PM Paulo Sérgio Fabbris avançando sobre o pescoço de Amorim e colocando-o algemado na parte de trás de um carro da polícia.
Segundo a PM, “desobedecendo à determinação legal do comandante da operação, o jornalista Galeno Amorim invadiu a área de segurança estipulada pela instituição e, por isso, foi contido pelos agentes da lei, que usaram de força moderada para tal”, disse a corporação em nota.
Já Amorim narra a situação de outra maneira. Ele conta que foi ao local para cobrir a reintegração de posse, invadida horas antes pelo MST, sem encontrar qualquer interdição no caminho, chegando até o portão da fazenda.
“Lá fui informado que não poderia passar porque estava interditado, e respeitei, disse que ficaria do lado de fora. Aí o policial falou que eu não poderia ficar lá. Como assim? Sou um jornalista com 40 anos de profissão. Nisso, veio o major, alterado e nervoso, dizendo ‘suma daqui, não é o seu lugar'”, conta Amorim.
“Argumentei que tinha o direito de fazer a cobertura, pela liberdade de imprensa, conheço a legislação. Ele me deu uma chave de pescoço, torceu meu braço e outro oficial me levou algemado”, relata, dizendo que ficou poucos minutos no local. “Eu só argumentei que poderia trabalhar. Se isso for considerado desobediência, desacato, o mundo está perdido, acabou a liberdade de imprensa”, desabafa o jornalista, filiado ao PT.
Amorim ressaltou ainda que ficou mais de uma hora dentro de um carro da polícia fechado e estacionado no sol em frente a uma delegacia. Lá, os agentes registraram um boletim de ocorrência por desobediência, e Amorim fez outro por agressão.
Em nota, a PM diz que “a ação foi legítima e que o Major Fabbris agiu corretamente dentro dos ditames da lei”.
A detenção do jornalista aconteceu durante a cobertura da operação de reintegração de posse do Polo Regional de Pesquisa da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, em Ribeirão Preto.