“Convidado pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais ao qual sou filiado desde que me formei, para integrar o corpo de jurados do ‘V Prêmio Délio Rocha de Jornalismo de Interesse Público’, recebi a incumbência de analisar, com o cuidado e o apreço devidos, dezenas de matérias feitas por talentosos e competentes profissionais da mídia mineira, de todos os veículos de comunicação do Estado.
Minha tarefa, exercida com dificuldade, foi selecionar apenas três trabalhos para merecerem os primeiros lugares de sua categoria e as recompensas prometidas pelo concurso. Curiosamente, o convite do Sindicato me ofereceu o maior privilégio: a oportunidade para refletir, mais uma vez, sobre o papel da imprensa e os seus deveres para com a comunidade em que se insere. Enumero alguns deles no espaço abaixo:
1.Defesa do Estado Democrático de Direito – A imprensa precisa empenhar-se de modo incansável em prol da democracia constitucional, combatendo com intensidade os regimes de exceção e o cerceamento das liberdades. O apreço pelo governo das leis, mais que dos homens, é a prova do engajamento da imprensa no processo permanente de aprimoramento institucional do País. A imprensa deve conduzir os debates apropriados em torno dos avanços e das mudanças que se fizerem necessárias à evolução do regime político brasileiro. Também deve lutar pela plena aplicação da Constituição Federal, sobretudo no que se refere ao capítulo da Comunicação Social.
2. Defesa da função social e política da atuação do jornalista– O jornalista não é apenas um técnico da produção e disseminação de textos noticiosos. É um intelectual e um pensador. Presença ativa na comunidade a que pertence, é testemunha da História de seu povo e de seu tempo. Capacitado a refletir sobre a realidade, o jornalista desempenha, ainda, o papel de interpretá-la e analisá-la. É um dos principais articuladores e mediadores dos discursos que os diferentes grupos sociais enunciam sobre os acontecimentos da atualidade. Esta é a visão sobre o profissional da imprensa que deve ser popularizada. Ao jornalista deve ser garantido o prestígio social e institucional necessário ao bom desempenho de seu ofício e oferecidas as melhores condições de trabalho e remuneração.
3. Defesa da cultura e dos valores nacionais – A imprensa deve incentivar a ampla e massiva difusão das manifestações da identidade nacional. As expressões mais genuínas do povo brasileiro, seja no campo das artes, seja no campo dos esportes (para citar apenas duas possibilidades), devem merecer o olhar atento da imprensa. Um povo afirma o seu modo de ser, o seu poder e a sua projeção no mundo por meio da sua cultura e de seus valores.
4.Defesa da popularização das tecnologias da comunicação – Impulsionada pelo fantástico progresso tecnológico observado nos últimos anos, a comunicação social ampliou fronteiras e alargou limites. Não se realiza apenas por meio dos canais tradicionais. Os benefícios gerados por essa revolução devem ser apropriados por todos. A imprensa, de modo vigoroso, deve apoiar a popularização de todas as tecnologias da comunicação e o intenso compartilhamento dos seus frutos.
5.Pluralidade e tolerância –Finalmente, a imprensa precisa oferecer o espaço para o cultivo da diversidade, em todas as suas acepções. Ela deve sediar campo generoso para a saudável convivência das manifestações de pessoas de todas as etnias, credos, opiniões e ideologias. O debate de idéias deve ser estimulado. A oposição, as divergências e as discordâncias devem ser encaradas como sinal de riqueza intelectual.”
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Rogério Faria Tavares, advogado e jornalista, é Diretor de departamento do Instituto dos Advogados de Minas Gerais e integrante da Câmara de Comunicação e Informação da OAB de Minas Gerais. Conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa no estado.