Jornalistas e a direção de redação da Gazeta do Povo, de Curitiba, receberam uma série de ameaças nesta segunda-feira, 17 de dezembro. Os telefonemas, que faziam menção a ataques contra repórteres da equipe do jornal, podem estar relacionados a uma reportagem que denunciou a promoção concedida a delegados da Polícia Civil acusados de utilizaram veículos oficiais para fins próprios.
O jornalista Mauri König, repórter do jornal e diretor da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo-Abraji, foi um dos que foram citados nominalmente durante as ameaças. Em um das ligações, o interlocutor se identificou como policial militar e disse ter ouvido de colegas que cinco policiais do Rio de Janeiro estavam em Curitiba para metralhar a casa de Mauri.
De acordo com comunicado emitido pela direção da Gazeta, a empresa informa que tomou as medidas necessárias para garantir a segurança de seus profissionais e que acionou as autoridades de segurança pública para que elas investiguem as ameaças. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado-Gaeco no Paraná instaurou inquérito nesta terça-feira, 18 de dezembro, para investigar o caso.
O promotor Leonir Batisti, chefe do Gaeco, disse que os números telefônicos foram identificados e algumas das ligações foram feitas de telefones públicos. A investigação foi solicitada pelo Procurador Geral do Ministério Público do Estado, Gilberto Giacoia, após ser informado sobre as ameaças aos jornalistas.
Denúncia
Em maio, Mauri König coordenou uma série de reportagens publicada na Gazeta sob o título “Polícia Fora da Lei”. Os textos revelaram, por exemplo, que delegados da Polícia Civil usavam viaturas da corporação para compromissos pessoais – inclusive visita a casas de prostituição em horário de expediente. Na época da reportagem, embora não tenha sido confirmada nenhuma ameaça, alguns jornalistas envolvidos chegaram a tirar férias para evitar retaliações.
Nesta segunda-feira, foi publicada mais uma reportagem, dessa vez sobre uma suposta promoção dos agentes envolvidos no caso. Por meio de nota, o Conselho da Polícia Civil negou este fato informando que “nenhum delegado que responde sindicância ou processo disciplinar está em nenhuma lista de prováveis promoções”.
Mauri König e sua família deixaram a casa em que viviam em Curitiba. Eles estão em endereço desconhecido, sob proteção constante de seguranças contratados pelo jornal. AGazeta do Povo também ajudará o jornalista a deixar o Paraná.
*Com informações da Gazeta do Povo, do site Jornale e da Abraji.