02/02/2015
O governo do Japão expressou sua “extrema indignação” com o vídeo publicado neste sábado, 31 de janeiro, que supostamente mostra a decapitação do jornalista Kenji Goto pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI). O secretário-chefe do Parlamento, Yoshihide Suga, afirmou que o Congresso do país se reuniria em caráter de emergência e corria para confirmar a autenticidade da gravação. Suga descreveu a filmagem como um “ato de terrorismo deplorável”.
Imagens divulgadas pela internet mostravam um militante islâmico assassinando Goto, mesmo após dias de negociação por parte de diplomatas para salvar o repórter. A filmagem, publicada em sites ligados ao EI, trazia a mesma marca d’água presente em outras gravações do grupo.
O vídeo está intitulado “Uma Mensagem ao Governo do Japão” e traz um militante que se parece e tem o mesmo sotaque inglês de um suspeito que apareceu em outras gravações de decapitação divulgadas pelo grupo extremista. Goto, ajoelhado e vestindo um macacão laranja, não disse nada durante o quase um minuto da filmagem.
“Abe”, diz o militante, referindo-se ao primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abre, “devido à sua decisão imprudente de participar de uma guerra impossível de ganhar, esse homem não vai apenas matar Kenji, mas vai ainda mais fundo e perpetrar massacres onde quer que encontre seu povo. Que o pesadelo do Japão comece.”
Autoridades norte-americanas também disseram estarem trabalhando para confirmar a autenticidade das imagens. “Nós vimos o pretenso vídeo que mostra o cidadão japonês Kenji Goto sendo assassinado pelo grupo terrorista”, afirmou a porta-voz do Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca, Bernadette Meehan. “Os Estados Unidos condenam de forma veemente as ações do Estado Islâmico e pedimos a liberação imediata de todos as vítima restantes. Nós seguimos solidários ao nosso aliado Japão.”
Goto, um jornalista freelancer de 47 anos, foi capturado em outubro, ao viajar à Síria para tentar negociar a libertação de Haruna Yukawa, uma colega sequestrada pelo Estado Islâmico. Yukawa supostamente já havia sido assassinada, embora ainda não tenha sido possível confirmar a autenticidade do vídeo que mostra sua morte.
Jornalistas libertados
Após a morte de Goto, o grupo jihadista libertou dois jornalistas iraquianos detidos durante mais de um mês na cidade de Mossul. De acordo com Sufian al Mushedani, diretor do Sindicato de Jornalistas iraquiano, o fotógrafo Mahmoud Nadim e o correspondente Samim Yousef, do canal de televisão de Ninawa, foram postos em liberdade na noite deste domingo, 1º de fevereiro. Os dois se encontram abalados psicologicamente pelas duras condições de sua detenção e ameaças sofridas.
Um grande número de jornalistas fugiu de Mossul ou trabalha nos arredores da cidade clandestinamente desde que os jihadistas tomaram o controle da localidade em junho do ano passado. O grupo extremista libertou em 26 de novembro quatro jornalistas iraquianos após mais de um mês em cativeiro em Mossul, sem que se saiba também o motivo da decisão.
A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) condenou no final de outubro do ano passado a “perseguição criminosa e fanática” do EI aos jornalistas e afirmou que as áreas controladas por esse grupo se transformaram em “buracos negros para a informação”.
* Com informações da EFE e Agência Estado.