Irã liberta jornalista do WP
e mais três prisioneiros


Por Claudia Sanches e Edir Lima*

18/01/2016


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Jason Rezaian do Washington Post (Crédito: Vahid Salemi AP)

O governo iraniano anunciou neste sábado (16) a libertação de quatro iranianos-americanos, entre eles o jornalista do Washington Post, Jason Rezaian, momentos antes de Teerã e as potências ocidentais começarem a implementar o acordo nuclear assinado em julho do ano passado. Em troca, sete iranianos presos nos Estados Unidos serão soltos, de acordo com uma fonte próxima às negociações citada pela televisão pública iraniana. A informação, no entanto, não foi confirmada pelo governo americano.

Além de Rezaian, serão libertados o ex-fuzileiro naval Amir Hekmati, o pastor Saeed Abedini e um quarto prisioneiro, identificado pela agência “Irna” como o empresário Siamak Namazi, mas pela TV estatal como Nosratolá Kosravi. Segundo uma fonte do governo americano, que informou a libertação de um quinto preso, eles devem embarcar em um avião do Irã para a Suíça.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, disse que as sanções internacionais contra o Irã serão suspensas neste sábado, quando a agência nuclear das Nações Unidas declarar que Teerã cumpriu um acordo para reduzir seu programa nuclear. O chanceler chegou em Viena, sede da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da ONU que deve divulgar um relatório gerando a suspensão das sanções impostas pelas Nações Unidas, EUA e União Europeia.

As sanções retiraram o país do sistema financeiro global, reduzindo drasticamente as exportações do produtor de petróleo e impondo dificuldades econômicas graves aos cidadãos iranianos. A maior parte das restrições será suspensa imediatamente.

Jornalista acusado de espionagem

O jornalista americano Jason Rezaian, de 39 anos, foi detido em julho de 2014 em sua casa em Teerã, de onde trabalhava como correspondente do “Washington Post” há dois anos. Ele foi acusado de “espionagem” e “colaboração com governos hostis”. No entanto, nunca houve provas concretas de crimes cometidos por ele.

O julgamento que o considerou culpado ocorreu em novembro do ano passado, no tribunal revolucuinário de Teerã, uma corte especial para casos políticos ou que afetem a segurança nacional.

O jornalista do Washington Post foi detido, ao lado da espos Yeganeh Salehi e de dois amigos, no dia 22 de julho de 2014. Desde então, os outros três acusados foram liberados – sem se ter notícias de um julgamento – e apenas Rezaian ficou em um presídio. Sua esposa foi solta em outubro de 2014 sob fiança.

Fim da angústia

Em matéria publicada, no último dia 16, na Folha de S.Paulo, o jornalista Samy Adghirni, que foi correspondente, no Irã, de 2011 a 2013, ressaltou o alívio pela libertação do amigo Jason Rezaian, jornalista do Washington Post. “Foram 18 meses de angústia”, disse. Segundo ele, a acusação de espionagem era ridícula:

“Que informação sigilosa Jason poderia conseguir num país onde estrangeiros são vetados até de entrar em prédios oficiais? Uma fonte na Guarda Revolucionária sempre dizia: Os verdadeiros espiões são iranianos dentro do governo”.
Samy Adghirni acrescentou que, nesse ambiente de paranoia era impossível conseguir informação sobre Jason de dentro do Irã.

“Eu só era atualizado conversando com gente no exterior”, observou.

 

*Fonte: O Globo e Folha de S.Paulo