João Dunshee de Abranches Moura foi empossado na Presidência da ABI em 13 de maio de 1910, com o apoio integral do grupo que controlava a Associação e prometendo defender a liberdade de pensamento a qualquer custo. Em 1911, foi reeleito para mais dois anos de mandato.
Durante sua administração, várias providências foram tomadas, como a reforma estatutária, aprovada pela Assembléia-Geral de 23 de janeiro de 1911, e a mudança de nome para Associação de Imprensa dos Estados Unidos do Brasil. Constava do novo estatuto a criação da biblioteca e do cargo de bibliotecário — para o qual foi escolhido Victor da Veiga Cabral — de congressos de jornalistas — a serem promovidos a cada cinco anos no Rio de Janeiro — e de um Tribunal de Imprensa — destinado a julgar conflitos da categoria.
No mesmo período, foram instituídos a carteira de jornalista, como instrumento de identidade e do exercício efetivo da profissão; o distintivo de sócio, desenhado por Raul Pederneiras; e um fundo de auxílio funeral. A Associação ganhou uma sede modesta no primeiro andar de um prédio da Avenida Central — atual Rio Branco —, na esquina com a Rua da Assembléia.
Com prestígio na Câmara dos Deputados, Dunshee apresentou um projeto de lei — mais tarde transformado em lei — que concedia uma subvenção anual de 20 contos de réis à Associação, livrando-a dos atropelos financeiros. Segundo Edmar Morel, mesmo comprometido com o Governo, Dunshee “jamais deixou de prestar solidariedade aos jornais e jornalistas, recorrentemente vítimas da prepotência das autoridades”.
Em seu livro, ele conta que, certa vez, um delegado mandou espancar um repórter e o prendeu. Além de conseguir um habeas-corpus para o colega, Dunshee exigiu providências do Ministro da Justiça. Revoltado, o delegado ameaçou invadir a sede da Associação, mas foi desestimulado pela atitude corajosa da Diretoria, que se repetiu em outras ocasiões.