Ameaça à liberdade de imprensa na Turquia


Por Claudia Sanches*

11/04/2016


imageA prisão de dezenas de jornalistas e a tomada à força de meios de comunicação por forças policiais têm colocado a Turquia em uma posição incômoda do ponto de vista da democracia e da liberdade de imprensa, segundo denúncias de profissionais de mídia e do país.

O caso mais recente foi a invasão do maior jornal do país, o Zaman, bem como da agência de notícias ligada ao grupo, a Cihan, tomada por tropas policiais leais ao presidente Recep Tayyip Erdogan, no dia 4 de março deste ano. Ambos seguem sob intervenção estatal e grande parte dos jornalistas foi demitida.

No momento, há 32 jornalistas presos e 1.843 processos abertos pelo governo contra profissionais de imprensa acusados de insultar o presidente, de acordo com a presidenta da Associação de Jornalistas da cidade de Izmir, uma das maiores do país, Misket Dikmen.

“Queremos ajuda internacional para a nossa situação. A imprensa na Turquia, como nunca aconteceu na nossa história, está sob pressão intensa. Os veículos estão sendo controlados pelo governo e muitos jornalistas estão sendo demitidos. Acreditamos que uma sociedade onde a imprensa não é livre não se pode falar em democracia. Isto é uma questão contra os direitos humanos, pois o direito à informação é um deles”, disse Misket, na sede da associação.

Segundo ela, os recentes atentados que atingiram a Turquia, creditados aos grupos terroristas Estado Islâmico e PKK, de origem curda, não podem servir como desculpa para implantar a censura.

“Na verdade, existe uma coisa que é mais perigosa, que é a autocensura. Muitos jornalistas estão presos, alguns há mais de um ano, e os julgamentos nem começaram”, denunciou Misket que, há 15 anos, comanda a associação dos jornalistas.

*Fonte: Agência EBC