Imprensa internacional adota normas de segurança para jornalistas


Por Igor Waltz*

13/02/2015


Fotógrafos da AP cobrem protestos em Kosovo. (Crédito: Petrit Rrahmani/AP)

Fotógrafos da AP cobrem protestos em Kosovo. (Crédito: Petrit Rrahmani/AP)

Um grupo de grandes veículos de comunicação internacionais e organizações de defesa da liberdade de imprensa apresentaram nesta quinta-feira, 12 de fevereiro, em Nova York, um conjunto de “normas de segurança para jornalistas free-lancers em coberturas perigosas”. A medida é uma resposta à onda de sequestros e assassinatos dos últimos anos.

O documento “Convocação para práticas e princípios de segurança global” estabelece sete regras básicas a serem seguidas por toda imprensa, como ‘treinamento em primeiros socorros e ambientes hostis’, ‘seguro médico para zonas de conflito, ou áreas com doenças contagiosas’ e a utilização de ‘equipamentos de proteção adequados, como capacetes e coletes à prova de balas’.

As orientações convidam ainda as organizações de mídia a dispensar as mesmas regras de segurança e treinamento dos funcionários internos a seus repórteres free-lancers e correspondentes locais, e assumirem a responsabilidade em caso de rapto ou lesão.

“Este é apenas o começo, mas nós pensamos que é um bom começo para um processo de certificar-se freelancers são fornecidos o respeito, a dignidade, a proteção e, finalmente, o justo salário que eles merecem”, disse Vaughan Smith, que preside o Frontline Freelance Register, um registro de mais de 500 correspondentes globais.

Entre os signatários, estão agências de notícias e veículos de comunicação como Agência France Presse (AFP), Associated Press (AP), BBC, Bloomberg, Reuters, USA Today e Miami Herald; e organizações de defesa da liberdade de imprensa, como a Repórteres sem Fronteiras (RSF), o Comitê de Proteção de Jornalistas (CPJ) e o Centro Pulitzer para Cobertura Informativa de Crises.

Apresentado na sede da Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia, em Nova York, o documento surgiu de debates iniciados em setembro passado entre editores dos grandes veículos de comunicação e se ampliaram para incluir organizações que representam os profissionais free-lancers, assim como as associações de defesa da liberdade de imprensa.

“Este é apenas o primeiro passo de um movimento que, esperamos, obtenha avanços concretos para melhorar a segurança não apenas dos free-lancers internacionais, como também dos repórteres locais que desempenham um papel vital, cobrindo áreas perigosas e que ficam com a pior parte da violência contra jornalistas no mundo”, afirmou o diretor regional para América do Norte da AFP, David Millikin.

Segundo o informe de 2014 da Repórteres Sem Fronteiras, os jornalistas foram vítimas de uma crescente “barbárie” e “instrumentalização” da violência com fins propagandísticos. Essa violência se materializou, por exemplo, nas decapitações filmadas pelo grupo Estado Islâmico (EI) na Síria e no aumento dos sequestros (119 contra 87 em 2013).

“Em 2014, cruzou-se uma linha vermelha bélico-informativa na Síria: a da utilização clara dos jornalistas como arma de guerra. Mais ainda: como propaganda de guerra”, denunciou a RSF.

Veja aqui o teor do documento, em inglês.

* Com informações da AFP e da AP.