12/07/2006
José Reinaldo Marques
14/07/2006
Na redação do Estado de Minas, onde está seis anos, o repórter-fotográfico Marcos Michelin é conhecido pela vibração, como conta o Chefe da Fotografia do jornal, Eustáquio Soares:
— O Michelin é um fotógrafo nota dez. Além de bom profissional, é elétrico e faz um fotojornalismo vibrante, demonstra mesmo que gosta muito do trabalho. Costumo pautar nossos fotógrafos com um pacote de matérias e o Michelin pega futebol, natureza, reportagem feminina, às vezes cinco ou seis assuntos diferentes, e sempre dá conta, sem reclamar.
Antes de se transferir para o Estado de Minas, a convite do próprio Eustáquio, Michelin viveu as primeiras experiências da carreira num estúdio, em meados de 1989. Depois, fez trabalhos como freelancer para o Estadão, a Folha de S. Paulo e a Assessoria de Comunicação da Cesp (Centrais Elétricas de São Paulo):
— A reportagem-fotográfica sempre me atraiu, porque exige que o profissional se mantenha informado sobre uma infinidade de assuntos e também que esteja sempre aprimorando seus conhecimentos técnicos. A soma desses dois fatores é que atrai os leitores para a notícia.
Paulistano, “nascido em pleno carnaval de 1965”, Michelin vive há dez anos em Belo Horizonte e se diz plenamente adaptado aos costumes locais. Sobre os primeiros passos na fotografia, ele conta:
— Eu tinha 14 anos quando meu irmão trouxe de Manaus um kit da Ashanti Pentax (corpo da câmera, com as lentes 35mm, 50mm e 105mm e um flash). Foi ele, que tinha aquilo como hobby, quem despertou meu interesse para a fotografia. Desde essa época, não parei mais de buscar conhecimento e investir todo o meu dinheiro em cursos e equipamentos.
Cuidado e respeito
O treinamento tornou também o olhar mais aguçado para captar os ambientes históricos de Minas, seus personagens e suas tragédias sociais, como em matéria recente sobre o Vale do Jequitinhonha, no Norte do estado:
— Nessa reportagem, consegui ressaltar o drama vivido pelos moradores da região com a falta de emprego e a escassez de água e comida. É uma gente que tem a pele castigada e envelhecida pelo sol e a poeira, mas que luta pela sobrevivência e demonstra isso com um olhar sincero de quem só que viver em paz.
É nas matérias especiais que o fotógrafo consegue trabalhar com mais tempo e obter os melhores resultados:
— Mas é claro que todo bom fotojornalista deve estar sempre atento a todos os detalhes e preparado para o que der e vier. É assim que eu atuo — e por isso digo que a cada dia aprendo um pouco mais. Em todas as pautas que pego, procuro fazer o máximo, pois a reportagem-fotográfica é o trabalho que eu amo e não abro mão de fazê-lo com muito cuidado e respeito.
Michelin considera o fotojornalismo brasileiro “rico em notícias e fotos bem trabalhadas” e diz que os profissionais de Minas “não deixam a desejar quando comparados aos de qualquer outro estado do País”:
— Temos aqui vários fotógrafos de ponta, como, entre muitos outros, Beto Novais, Pedro David e Pedro Mota, cuja sensibilidade é fora do comum.
Em Minas Gerais, diz ele, “tudo acontece com mais calma, mas acontece”:
— E aqui há muito a explorar, com as cidades históricas, ricas não só pela arquitetura, mas também por cidadãos. A fotografia me faz ver as coisas por ângulos diferenciados, de forma mais verdadeira e com mais detalhe. Através dela, vejo o ser humano com olhar profundo e consigo avaliar melhor tudo ao seu redor.
Esse olhar diferenciado rendeu alguns prêmios, como o que ganhou pela cobertura de uma enchente no Sul de Minas, e menções honrosas, como a que recebeu pela foto do cometa Hale-Bopp, em 2001.
Clique nas imagens para ampliá-las: