Hoje é Dia de Livro


26/04/2023


Por Erika Werneck, conselheira da ABI


Brasil, crítica impura: uma viagem pelo tempo presente
Brasil, crítica impura: uma viagem pelo tempo presente, recém-lançado pelo historiador, professor e escritor Lincoln de Abreu Penna, reúne o que o autor chama de “pequenas incursões no campo da história do tempo presente”, com exceção do primeiro artigo Por uma história das práticas sociais, (não denominado de crônica, porque não é), escrito em 1972. Lincoln de Abreu Penna o incluiu por lhe parecer ainda muito atual. As crônicas reunidas nesse livro são as que o autor escreveu a partir do início do processo eleitoral de outubro de 2022, até o resultado das eleições, com a vitória de Lula. Elas não obedecem a critérios temáticos, embora os textos que compõem o livro se cruzem, como diz o historiador “por focalizarem problemas e perspectivas a serem alcançadas no âmbito de conjunturas políticas mutantes e instigantes.”. Editora: Letra Capital.


Solitária
“Mãe, a senhora precisa se libertar destas pessoas. A senhora não deve nada pra elas. Não tenha medo de encarar esse povo que nunca limpou a própria privada.” Apenas esse pequeno trecho de um diálogo dá a dimensão da força narrativa de Eliana Alves Cruz em seu romance Solitária, lançado em 2022. Trata-se do quarto romance da escritora carioca, que nele aborda a exploração da mão de obra feminina em trabalhos domésticos (na maioria mulheres negras), em que a empregada aparece como substituta das antigas mucamas do período escravista. As protagonistas, Eunice e sua filha Mabel, vivem num quarto de empregada (versão moderna de senzala) na casa de seus patrões, num condomínio de luxo. Ali, Eunice – a mãe – é testemunha-chave de um crime praticado no apartamento dos patrões. Sua filha, Mabel, consegue construir o caminho que leva à elucidação do crime e, ao mesmo tempo, a uma mudança radical na vida das pessoas que cercam as duas.
Empenhada no resgate da memória social e cultural afro-brasileira, Eliana Alves Cruz aborda temas cruciais como justiça, exploração do trabalho, sobretudo da mulher, além de traçar um paralelo entre o presente e o passado escravocrata no Brasil. O escritor Itamar Vieira Junior, descreveu Eliana Alves Cruz como “uma das mais importantes vozes de nossa literatura contemporânea.” E a escritora Conceição Evaristo, disse a propósito de Solitária que “Eliana narra com a maestria da linguagem de alguém que sabe lidar com as palavras.”
Sobre a autora
Eliana Alves Cruz é formada em jornalismo e pós-graduada em comunicação empresarial. Sua vontade de querer entender mais sobre sua ancestralidade a levou à literatura. Seu primeiro romance, Água de barrela, recebeu, em 2015, o primeiro lugar no Prêmio Oliveira Silveira, da Fundação Cultural Palmares e a menção honrosa do Prêmio Thomas Skidmore 2018, do Arquivo Nacional e da Brown University, dos EUA. É autora, ainda, dos romances O crime do cais do Valongo, publicado em 2018, e Nada digo de ti que em ti não veja, em 2020. Eliane Alves Cruz publicou também um livro de contos, Vestida, com o qual conquistou o primeiro lugar no Prêmio Jabuti de 2022. Editora: Cia. das Letras