04/03/2022
Por Vera Perfeito, diretora de Cultura e Lazer da ABI
Dia Internacional da Mulher,
séries, filmes e documentários estão em Dicas da semana
Há 90 anos, no dia 8 de março, os homens “deixaram” a mulher votar e esta semana comemoramos a data. Leia alguns livros sobre o assunto. Elza Soares, uma de nossas maiores cantoras, é reabilitada depois de ser julgada por muitos anos por se envolver com Mané Garrincha que tinha mulher e filhas no documentário Elza e Mané (Globoplay) que junto com A amiga genial (HBO) mostram a trajetória de luta das mulheres por um lugar ao sol. Na ABI, as duas chapas que concorrem à eleição para a nova diretoria no final de abril têm três mulheres – Cristina Serra, Helena Chagas e Regina Pimenta – disputando a presidência e vice-presidência pela primeira vez. Com muita luta, estamos chegando à igualdade já que as redações têm maioria da presença feminina. Chegou no NOW o filme Primavera do Amor, o 50º longa de Woody Allen, diretor que ainda provoca discussões sobre assédio infantil. Se não tiver medo da Ômicron há festas e shows de carnaval aqui. Em Dicas você encontra mais.
NA ABI
Terça-feira, dia 8/3 – Dia Internacional da Mulher
Nesse dia, a ABI exibe programas em homenagem às mulheres.
A partir das 8h/ 18h: A Comissão de Inclusão Social, Mulher e Diversidade apresenta duas lives, hoje. A primeira a partir das 8h com a filósofa Márcia Tilburi e a sociolinguista Anna Cristina Bentes sobre violência e assédio à mulher. A outra (18h) trata especificamente da violência e maus tratos à mulher jornalista, com as pré-candidatas à vice-presidência da ABI, as jornalistas Helena Chagas e Regina Pimenta, além das jornalistas Eliara Santana e Alessandra Melo, presidente do Sindicato dos Jornalistas em MG, discorrendo sobre novas pesquisas realizadas pela FIJ e FENAJ. Pelo canal da ABI no YouTube.
Das 10h até à meia-noite (filme) e debate, às 19h30 –CINECLUBE MACUNAÍMA – o filme exibido será A hora da estrela, dirigido por Suzana Amaral e baseado no romance da escritora ucraniana naturalizada brasileira Clarice Lispector. A partir das 10h de segunda-feira até às 10h de terça-feira. O filme de 1985 aborda a história de Macabéa (Marcélia Cartaxo), uma nordestina de dezenove anos, orfã de pai, mãe e da tia que a criou, que vai para São Paulo ser datilógrafa. Ela mora em uma pensão e tem uma vida sem muitas emoções, pois é indiferente a elas. Conhece Olímpico de Jesus (José Dumont) e os dois começam a namorar. Porém, a relação não se sustenta e Olímpico acaba trocando Macabéa por Glória , colega de trabalho da ex-namorada, que, por recomendação de sua cartomante, rouba o namorado de Macabéa. A atriz Fernanda Montenegro também participa do longa como a cartomante. As 19h30, haverá debate sobre a obra com o cineasta Silvio Tendler; a produtora do filme Assunção Hernandez; Nicole Algranti, sobrinha de Clarice; e a pernambucana Taciana Oliveira que dirigiu o documentário sobre a escritora, “Clarice Lispector , a Desberta do mundo”. O mediador será o crítico Rodrigo Fonseca. Assistir ao filme e o debate pelo canal da ABI no YouTube. Link: bit.ly/3uZn84f
TELEVISÃO
Para celebrar a Semana Internacional da Mulher:
GNT
21h – quartas-feiras: Saia Justa – Astrid Fontenelle, Mônica Martelli, Pitty e Gaby Amarantos conversam toda semana sobre diversos temas, sempre de uma perspectiva que destaca diferentes experiências e vozes femininas.
SÉRIES
GLOBOPLAY
Elza&Mané, amor em linhas tortas. Há 60 anoscomeçava a história de amor e sofrimento de Elza Soares, uma estrela em ascenção, e Mané Garrincha, ídolo do futebol brasileiro, desde o bicampeonato conquistado em 1962, ao lado de Pelé. Elza foi julgada como vilã desde o início do relacionamento porque Garrincha era casado, tinha 7 filhas e se separou para ficar com ela. E ainda ganhou a culpa do jogador não render mais no futebol devido ao alcoolismo. Esse é o roteiro da série em quarto episódios que estreia de hoje narrando o romance entre dois ídolos de áreas diferentes, mas com muita visibilidade popular “Elza & Mané” traz depoimentos inéditos da cantora que gravou antes de morrer no dia 20 de janeiro, aos 91 anos. O documentário, dirigido por Caroline Zilberman, tenta reparar essa história de Elza. Caetano Veloso é um dos entrevistados e diz: “O tamanho de Elza na história da música brasileira não dá para medir. Ela foi inovadora”.
HBO MAX
A amiga genial: Lila e Lenu, as personagens criadas pela escritora Elena Ferrante cuja real identidade permanece um mistério. Essa nova temporada é a adaptação é a adaptação do terceiro livro da tetralogia best-seller “História de quem foge e de quem fica”. A trama agora se passa
Nos anos 1970, com as duas amigas criadas em Nápoles já adultas e seguindo caminhos opostos. Enquanto Lila (Gaia Girace) está separada do marido e trabalha como operária de uma fábrica, Lenu (Margherita Mazzucco), depois de estudar em Pisa, escreve um romance de sucesso e passa a ter vida mais confortável e culta, completamente diferente da levada por sua amiga de infância. Esta temporada tem episódios dirigidos pelo cineasta italiano Daniele Luchetti e Paolo Sorrentino – cujo longa “A mão de Deus” está indicado ao Oscar de 2022 de melhor filme internacional – é um dos produtores executivos desta série.
A agência – “Dix pour cent”(2015), série original rodada em Paris, fez carreira internacional e na versão turca se passa na linda Istambul. Embora com muitas cenas em estúdio. Na trama turca, Camille é a única protagonista e as cores berrantes marcam os cenários.
STARZPLAY – Señorita 89: neste thriller psicológico dos anos 1980, 32 concorrentes ao título de Miss México se reúnem na propriedade La Encantada para se preparar para o grande dia. Mas à medida que um sombrio treinamento de aparências se desenrola, elas precisam se organizar para salvar as próprias vidas.
STAR+ – The dropout: estreou ontem. Amanda Seyfried é Elizabeth Holmes, que criou, em 2003, aos 19 anos, a Theranus, empresa considerada revolucionária em exames de sangue. Foi chamada de “a nova Steve Jobs” e se tornou a mais jovem milionária da América. Até tudo se provar uma fraude. A história de Holmes é real, e ela aguarda sentença de quatro crimes.
AppleTV+ – Dear: estreia hoje. A ativista Malala Yousafzai, as atrizes Jane Fonda e Viola Davis e o jogador de basquete Karem Abdul-Jabbar são algumas das personalidades presentes nesta segunda temporada da série original do streaming da Apple. A partir de relatos em cartas de fã, cada episódio destaca como estas figuras moldaram a cultura mundial.
PRIME VIDEO – STAR TREK PICARD: a partir de hoje. Na segunda temporada deste “spin-off”de Jornada das estrelas o capitão Jean-Luc Picard (Patrick Stewart) enfrenta o julgamento final de um de seus maiores inimigos. Uma das grandes novidades desta leva de episódios é a participação de Whoopi Goldberg, revivendo papel de Guinan, de “Jornada das estrelas”: A nova geração”.
DISNEY+ – O livro de Boba Fett: baseado na franquia Star Wars, O Livro de Boba Fett acompanha o caçador de recompensas homônimo (Temuera Morrison) e o mercenário Fennec Shand (Ming-na Wen) enquanto eles viajam pelo submundo da galáxia e tentam reconquistar o território de Jabba the Hutt. No passado, depois de quase morrer na cova de Sarlacc e ter sua armadura de mandaloriano roubada, Boba Fett é capturado por um grupo de Tuskens. Mas depois de salvar uma criança ameaçada por uma criatura de areia, ele conquista a confiança deles. No presente, Fett e Shand buscam impor sua autoridade em Tatooine e coletar tributos de outros criminosos, mas seu poder é colocado em risco quando são encurralados por assassinos que também querem comandar o território de Hutt. São sete episódios.
FILMES
Diretoras premiadas – Os filmes estão no Telecine – basta acessar pela internet, inscreva-se e assista por um mês grátis:
Retrato de uma jovem em chamas – Céline Sciamma(melhor roteiro no Festival de Cannes). A diretora francesa de 43 anos volta para o século XVIII para explorar a relação de Marianne e Heloïse (Adèle Haenel), que se tornam amigas e então, amantes. Mesmo que a história principal seja a relação que as duas desenvolvem, o roteiro da obra se propõe ao mesmo tempo a estudar a vida dessas mulheres na época, oferecendo uma perspectiva única sobre o patriarcado, romance, sexualidade e até mesmo questões de gênero, sem deixar de lado o desespero causado por certas situações.
Detroit em rebelião – de Katryn Bigelow, uma cineasta norte-americana de 70 anos que se tornou a primeira mulher a ganhar um Oscar de melhor direção por The Hurt Locker. O prêmio também era disputado por Avatar de James Cameron, ex-marido de Kathryn. Ela também foi a diretora de Guerra ao Terror. Detroit em rebelião mostra uma operação policial sem planejamento que inicia uma rebelião civil, gerando uma devastadora revolta popular que toma conta da cidade de Detroit ao longo de cinco dias em 1967.
Cleo de 5 às 7 – Agnès Varda, nascida Arlette Varda, foi uma cineasta e fotógrafa belga, radicada na França, morta em 2019, aos 90 anos. Foi casada com o diretor Jacques Demy. Cléo (Corinne Marchand) é uma cantora francesa que vive um momento de angústia, enquanto espera o resultado de um exame. O teste pode apontar se ela tem ou não um câncer de estômago. Sem saber o que fazer, Cléo perambula pela cidade de Paris. Ela passa uma hora e meia fazendo coisas banais, à procura de distração, até que conhece um soldado que está prestes a ir para a guerra na Argélia.
Virgens suicidas – Sofia Coppola é uma cineasta, roteirista,produtora e atriz ítalo-norte-americana. Em 2003, recebeu o Oscar de Melhor Roteiro Original pelo filme Lost in Translation, e se tornou a terceira mulher a ser indicada para um Oscar de Melhor Diretor, 50 anos. Durante a década de 1970, os Lisbon formam uma família saudável e próspera. O sr. Lisbon é um professor de matemática e sua esposa é uma rigorosa religiosa, mãe de cinco adolescentes, que atraem a atenção dos rapazes da região. Porém, quando Cecília, de apenas 13 anos, comete suicídio, as relações familiares se decompõem rumo a um crescente isolamento e superproteção das demais filhas.
STAR PLUS – O segundo homem: a trama se passa em um futuro próximo, marcado por uma escalada exponencial de violência. O longa mostra que a liberação do porte de armas não é o caminho para a solução
Nos cinemas: A Ilha de Bergman: o filme se passa em Farö, ilha em que o diretor sueco Ingmar Bergman morou, realizou boa parte de sua obra e morreu em 2007, aos 89 anos. O diretor é citado a todo momento, seus filmes são lembrados, e debatidos, e é fácil identificar alguns de seus temas no longa-metragem dirigido Mia Hansen-Love como solidão e desejo feminino. Mas o filme não é sobre Bergman. É um filme sobre o processo de criação. O roteiro fala de casamento, decepções, inseguranças, sonhos, etc. O casal de cineastas Chris (Vicky Krieps) e Tony (Tim Roth) vão para a ilha e aproveitam para escrever. Ele mais confiante e mais bem-sucedido do que ela. Entre eles, há cumplicidade, mas é evidente um distanciamento progressivo. Na história bolada por Chris a protagonista é Amy (Mia Wasikowska), uma jovem que vai a Farö para um casamento e reencontra um antigo namorado. As tramas vão sendo resolvidas juntas de uma forma que a ficção também afete a realidade.
Espaço Itaú, Estação Net Rio, Cine Santa Teresa.
UCRÂNIA
Dois documentários devem ser vistos para começar a entender o ataque russo à Ucrânia casa um com 1h30m:
NETFLIX – Winter on fire: o filme se concentra em 92 dias do levante popular que derrubou em 2014 o presidente ucraniano Yanukovych, em 2014, solidário a Putin. Mostra manifestações pacíficas de estudantes com muita repressão em Kiev, transformando-se em protestos violentos. O povo ucraniano grita “somos europeus” e se sentem traídos pelo presidente que não cumpriu a promessa de fazer parte da União Europeia. As cenas são reais e explicam a resistência feroz da atual invasão russa.
YOUTUBE – Ukraine on fire – de Oliver Stone. Mostra os interesses geopolíticos que fizeram da Ucrânia um campo de batalha em diferentes épocas. A união do país não é completa porque o leste do país se considera russo. Milhões de ucranianos apoiaram nazistas acusados de massacrar judeus e nunca foram investigados. Milicianos e mercenários são acusados de contaminar o perfil das manifestações de 2014. Oliver Stone entrevistou Yanukovych e Putin. Os EUA são acusados de insuflar os conflitos internos, financiando ONGs e mídias. No governo Obama, o senador John McCain discursa em Kiev para os manifestantes anti- Rússia. O filme critica a falta de um processo formal de impeachment para depor Yanukovych e o retrata como vítima de um golpe de estado e não de uma revolução.
YOUTUBE – Desengaiola: filme de 1 hora sobre o álbum de 18 faixas (Som Livre e MPB Discos) com o mesmo nome e que também está nas plataformas de streaming sobre os cantores/compositores Alfredo del Penho, João Cavalcanti, Moyseis Marques e Pedro Miranda que lançaram um projeto que tem mais de vinte anos. Todas as músicas são dos quatro e as exceções são “Alagados” (hit do Paralamas do Sucesso) e “Puro Ouro” que a cantora/compositora Joyce Moreno fez para os quatro rapazes.
GLOBOPLAY e TELECINE PREMIUM – Sem fôlego – longa dirigido por Paulo Nascimento dom Pedro Caetano e Bruno Gissoni. O elenco bilíngue fez também versão em inglês que vai para o mercado internacional. O investigador Alex é enviado à pequena cidade de Santa Brígida para resolver o assassinato do filho de uma família rica. Ao perceber outros crimes parecidos, sua investigação toma um rumo sombrio.
NOW – PRIMAVERA DO AMOR – último filme de Woody Allen que ainda está nos cinemas. Com um elenco de peso, encabeçado por Wallace Shawn (‘Jovem Sheldon’), Gina Gershon (‘Riverdale’), Louis Garrel (‘Adoráveis Mulheres’) e Christoph Waltz (‘007: Sem Tempo Para Morrer’), o longa traz uma história divertida e cheia de referências cinéfilas, como somente o diretor Woody Allen consegue fazer. A comédia gira em torno de Mort Rifkin (Wallace Shawn) e sua esposa, Sue (Gina Gershon), que trabalha como assessora de diretores de cinema. Eles viajam para a Espanha para acompanhar o Festival de San Sebastián e, após deixarem-se envolver pelo charme e magia da cidade, Mort passa a desconfiar que Sue pode estar tendo um caso com um atraente diretor francês (Louis Garrel). O 50º longa da carreira do diretor, que tem o roteiro também assinado por ele, homenageia suas maiores inspirações e relembra obras de grandes cineastas europeus, como Jean-Luc Godard, François Truffaut, Federico Fellini, Ingmar Bergman e Luis Buñuel. O filme foi rodado na linda cidade espanhola de San Sebastián, que sedia um dos principais festivais de cinema na Europa.
YOUTUBE – Desengaiola: filme de 1 hora sobre o álbum de 18 faixas (Som Livre e MPB Discos) com o mesmo nome e que também está nas plataformas de streaming sobre os cantores/compositores Alfredo del Penho, João Cavalcanti, Moyseis Marques e Pedro Miranda que lançaram um projeto que tem mais de vinte anos. Todas as músicas são dos quatro e as exceções são “Alagados” (hit do Paralamas do Sucesso) e “Puro Ouro” que a cantora/compositora Joyce Moreno fez para os quatro rapazes.
GLOBOPLAY e TELECINE PREMIUM – Sem fôlego – longa dirigido por Paulo Nascimento dom Pedro Caetano e Bruno Gissoni. O elenco bilíngue fez também versão em inglês que vai para o mercado internacional. O investigador Alex é enviado à pequena cidade de Santa Brígida para resolver o assassinato do filho de uma família rica. Ao perceber outros crimes parecidos, sua investigação toma um rumo sombrio.
LIVROS
À procura da própria coisa: uma biografia de Clarice Lispector (Rocco, R$119,90 (livro) e R$59,90 (e-book) – Teresa Montero. É um livro sobre duas mulheres: Clarice, a biografada, mas também Teresa, a biógrafa. A publicação culmina com uma trajetória de 31 anos dedicada à personagem. Autora de 57 anos, ela tinha 26 quando começou a pesquisar Clarice. O trabalho acadêmico – dissertação e tese – a levou para a literatura: o novo livro é o nono título que ela publica, como autora ou organizadora, em torno da escritora. “À procura da própria coisa” nasce a partir de uma biografia anterior, “Eu sou uma pergunta? ” (1999, Rocco) – esta, por sua vez, surgiu do mestrado de Teresa. Há uma década esgotado, o título teria uma versão revista e ampliada em 2020. Em 10 de dezembro de 2020 foi o centenário de nascimento da escritora, a editora Rocco lançou 18 títulos em torno de Clarice – novas edições dos livros dela, bem como sua correspondência completa, “Todas as cartas”, em que Teresa também trabalhou. As dificuldades impostas pela crise sanitária e o envolvimento com outros projetos em torno de Clarice a levaram a adiar a nova biografia.
O projeto, diga-se, se tornou outro, de muito mais fôlego, graças ao faro da pesquisadora. Além da série de descobertas feitas por Teresa que não constam da primeira biografia assinada por ela, “À procura da própria coisa” também prima por um formato próprio, que foge da tradição do gênero. Traz quatro partes, que podem ser lidas de maneira independente. A autora reverencia o árduo trabalho dos pesquisadores (e das instituições de guarda de acervos e arquivos) na própria costura do livro.
A vertical das emoções – As crônicas de Clarice Lispector (Relicário, R$ R$ 33,90, à venda no site da Relicário Edições) – Georges Didi-Huberman. Filósofo e historiador da arte, o autor proferiu conferências sobre as crônicas de Clarice Lispector na Universidade de Zurique, em 2019, dentro do ciclo dedicado a autores brasileiros organizado pelo professor Eduardo Jorge de Oliveira. “A vertical das emoções” reúne essas conferências.
O acontecimento (Fósforo, R$54,90) – Annie Ernaux. No seu décimo livro de 2000, a autora francesa rememora um aborto proibido em narrativa que traz a realidade filtrada por um desespero individual, mas compartilhado por milhares de mulheres que eram proibidas de abortar. A pílula anticoncepcional só chegou na França quatro anos depois.
Duas vidas (Ayiné, R$49,90) – romance vencedor do Prêmio Strega, o mais prestigiado da literatura italiana, a autora recorda dois amigos mortos precoce e tragicamente, os também escritores Rocco Carbone e Pia Pera. Em um texto cheio de angústia, no qual ficção e memória se misturam, Trevi revisita as próprias lembranças para compor retratos vívidos e comoventes dos amigos, transformados em personagens épicos.
Gelo (Fósforo, R$49,90) – Anna Kavan. Em meio a uma iminente catástrofe ambiental que destruirá o planeta com uma avalanche de gelo, três protagonistas inominados e envolvidos em um suposto triângulo amoroso tentam se salvar a um só tempo da destruição que se aproxima e uns dos outros. Publicado originalmente em 1967, o romance experimental e onírico de Anna Kavan (pseudônimo de Helen Woods) foi comparado a obras de Kafka, Beckett e Virgia Woolf.
A herança do coronel (Comix Zone, R$94,90) – Carlos Trillo e Lucas Varela. “Mataremos primeiro todos os rebeldes, depois mataremos aqueles que colaboraram com eles, e em seguida mataremos seus simpatizantes, mataremos os indiferentes e, finalmente, mataremos os hesitantes”. A frase atribuída a Ibérico Saint Jean, governador da província de Buenos Aires após o golpe militar que atingiu a Argentina em 1976 e 1983, deixando um astro de 30 mil mortos e desaparecidos, poderia ser do personagem Aaron Guastavino, pai do protagonista da HQ (2008), recém lançada no Brasil. Filho do coronel do título, Elvio é um adulto franzino e aparentemente inofensivo que leva uma vida bem mais ou menos como funcionário público na capital argentina contemporânea. Sua meta é juntar dinheiro para, enfim, liberta sua amada Luisita, uma boneca austríaca do século XIX que ele deseja ardentemente através da vitrine de uma loja de antiguidades. NA perturba mente de Envio, a boneca conversa com ele e corresponde a seu amor incondicional. O finado pai, antes de torturar suas vítimas, experimentava as técnicas em bonecas, tendo o filho como testemunha. O ro teiro do portenho Carlos Trillo (1943-2011), um dos mais importantes autores de histórias em quadrinho argentinos e autor de um prefácio contundente. A arte do conterrâneo Lucas Varela o protagonista é quase um brinquedo para se guardar na vitrine como a boneca.
Nas pegadas da alemoa (Buzz, R$44,90) – Ilko Minev. Há cinco semanas na listas dos mais vendidos, o livro que já vendeu 38 mil cópias parte de uma história real de um túmulo nazista na floresta, sendo o quarto romance do autor búlgaro, que vive desde 1972 em Manaus, ambientado na região. O livro se passa entre Manaus e Amapá. É narrado por Rebeca, que, junto de seu tio, o búlgaro Oleg, se embrenha na selva atrás de “Alemoa”, filha de uma indígena e do líder de uma expedição nazista à Amazônia. A empreitada alemã não é uma ficção. Entre 1935 e 1937, os nazistas estudaram a fauna, a flora e as culturas indígenas da fronteira do Brasil com a Guiana Francesa. No sul do Amapá, uma cruz estampada com a suástica indica a sepultura de Joseph Greiner, membro da expedição morto em janeiro de 1936. O livro de estreia do autor foi “Onde estão as flores? ” que recorda os judeus búlgaros que se refugiaram do nazismo no Norte brasileiro.
A máfia dos bombardeiros (Sextante, R$49,90) – Malcolm Gladwell. O autor britânico retrata a gênese dos bombardeios aéreos na Segunda Guerra, discutindo os avanços tecnológicos e seus desafios morais, qu ecoam no momento em que o mundo assiste à invasão da Ucrânia pela Rússia. Como jornalista trabalhou no Washington Post e na revista New Yorker antes de se tornar um dos mais influentes autores da atualidade. Temas recorrentes em seu trabalho são a inovação, a tecnologia e seus desdobramentos práticos na vida das pessoas. O autor tem obsessão por dissecar triunfos e fracassos da Humanidade e teoriza sobre suas possíveis causas. Aqui, fala sobre a gênese dos bombardeios aéreos da Segunda Guerra Mundial, da qual emergem o sonho de invenção da guerra contemporânea e as brutais cenas dos ataques americanos ao Japão.
MÚSICA
Ondas sísmicas – 10 canções de cantoras brasileiras do séc. XXI – no ano passado, o publicitário e pesquisador musical Gabriel Bernini abordou a produção fonográfica feminina nacional apresentada a partir do ano de 2000 no livro Ondas sísmicas – 90 discos de cantoras brasileiras do século 21. Agora, o livro ganha desdobramento em forma de LP.
Chegando ao mercado este mês, o LP Ondas sísmicas – 10 canções de cantoras brasileiras do séc. XXI é coletânea com fonogramas de dez das 90 cantoras que tiveram discos abordados no livro. As cantoras selecionadas para o LP é formado por Dicy, Estela Cassilatti, Kika, Laya, Lila, Malu Maria (com Lucinha Turnbull), Perigosah, Pat C.,Tika e Uli. Com capa que expõe arte criada por Caio Paiva e Karina Yamane, a compilação Ondas sísmicas – 10 canções de cantoras brasileiras do séc. XXI também estará disponível em edição digital a partir de 7 de março. As dez músicas (com as respectivas intérpretes) que preenchem os dois lados do LP Ondas sísmicas – 10 canções de cantoras brasileiras do séc. XXI :
Lado:1. Mais brilhantes – Laya; 2. Deusas e diabas – Perigosah; 3. História de fantasmas – Estela Cassilatti; 4. Por aí – Kika; 5. Anoitece – Tika. Lado B:1. Puérpera – Lila; 2. Cowboy cosmopolita – Pat C; 3. O paraíso é dentro – Malu Maria com Lucinha Turnbull; 4. Respeita as mina – Uli; e 5. Rosa semba, Menina que Deus crioula – Dicy
Onda boa com Ivete – é o primeiro álbum de músicas inéditas lançado por Ivete Sangalo em dez anos – o primeiro desde Real fantasia (2012). Das nove faixas de Onda boa com Ivete, quatro permaneciam inéditas em disco. Além da parceria com o sanfoneiro e compositor Mestrinho em Saudade chama por você, gravada pela cantora baiana com o artista sergipano, o disco apresenta três músicas inéditas – Acalme sua alma, Embaraça no beijo e Nada vai nos separar – assinadas por Ivete com os compositores Gigi (nome artístico de Neilton Cerqueira Santos), Radamés Venâncio e Samir Trindade e gravadas pela artista sem convidados. Já disponibilizadas em single, as outras cinco faixas são os duetos de Ivete Sangalo com Carlinhos Brown, Gloria Groove, Vanessa da Mata, Agnes Souza e Iza nas músicas Mexe a cabeça (Ivete Sangalo, Gigi, Radamés Venâncio, Ramon Cruz e Samir Trindade, 2021), Onda poderosa (Ivete Sangalo, Gigi, Radamés Venâncio e Samir Trindade, 2022), Tudo bateu (Ivete Sangalo e Radamés Venâncio, 2022), Tudo vai dar certo (Ivete Sangalo, Gigi, Radamés Venâncio e Samir Trindade, 2022) e Salve baby (Ivete Sangalo, Gigi, Radamés Venâncio e Samir Trindade, 2022) – esta gravada com citação do reggae Vamos fugir (Liminha e Gilberto Gil, 1984) – respectivamente.
Luísa Sonza – a cantora gaúcha muito empoderada, 23 anos, acumula mais de 1 bilhão de reproduções no Spotify de seu álbum “Doce 2022”. Ela tem uma média de 7,4 milhões de ouvintes mensais no serviço de streaming (o rei Roberto e a Sangalo, 4 milhões cada). Ela é a imagem da mulher que não tem medo de se expor, faz o que é bom para si própria e, por isso, causa tanta controvérsia. Bom exemplo, na Semana Internacional da Mulher.
Simone – outra mulher empoderada. Em seu novo single, “Haja terapia” transpira sua sensibilidade sobre os dois anos de sobrevivência em ambiente virtual com uma interpretação doce e forte, um mantra de esperança. Letra maravilhosa de Jukiano de Holanda: “A vida é uma estrada sem acostamento / Me vesti com paredes de casa, enquanto o lobo soprava lá fora (…) Abri a janela sabendo que o vento não me derrubaria”. Já dá para sentir o que será o 42º álbum da cantora de 72 anos que será lançado ainda nesse semestre.
EXPOSIÇÕES
ELZA SOARES – o Museu de Arte do Rio ganhou um painel em homenagem à cantora com um desenho feito pelo artista RafaMon. O mural ficará no pilotis do MAR por alguns meses. Foi inaugurado no dia de março em um evento dedicado às mulheres, em 8 de março, Dia Internacional das Mulheres.
VOLPI POPULAR – quem estiver indo visitar São Paulo ou more lá tem um programão. A exposição do modernista Alfredo Volpi (1896 – 1988) que estreou no final de semana passado, no Museu de Arte de São Paulo (Masp), é uma das grandes apostas do ano nas artes plásticas. Ao entrar, o visitante vê anjos e santos, topa com retratos, paisagens referências marítimas e, ao final, é brindado com as famosas bandeirinhas, um jogo que mostra a variedade de técnicas e interesses artísticos do pintor. A exposição reúne 96 trabalhos dos 3.500 de sua trajetória. Ele também pintou sereias e iemanjás e seu abstracionismo geométrico o deixam próximo de Abdias Nascimento (1914- 2011), cujas telas também estão expostas no Masp: “Abdias Nascimento: um artista panamefricano”. Na exposição, estão 62 das 240 atribuídas ao pensador, deputado e senador que fundou a Frente Negra Brasileira, o Teatro Experimental do Negro e o Museu de Arte Negra. É o autor de “O negro revioltado” e “O genocídio do negro brasileiro|”. Ele pintou o pan-africanismo e o quilombismo com suas cores vivas acrílicas.
SHOWS E CARNAVAL
AVISO: Tanto nos ensaios quanto nos bailes, festas e eventos nas quadras das escolas, o uso de máscara é obrigatório. E como já acontece nos ensaios de quadra, a entrada só se dá mediante a apresentação do comprovante de vacina. A exigência do comprovante de vacinação, no Rio, segue a regra abaixo: Para quem tem de 18 a 49 anos: comprovante de segunda dose (ou dose única) ou dose de reforço (caso já tenha 4 meses ou mais da segunda dose). Para quem tem 50 anos ou mais: comprovante da dose de reforço. A comprovação pode ser feita com a apresentação do certificado de vacinação digital nas plataformas minhasaude.rio ou Conect SUS. Ou com a caderneta/cartão de vacinação.
HOJE
17h – Ginga Quiosque – do mesmo dono do Bafo da Prainha e Casa Porto, na Saúde o novo quiosque agita, diariamente, o calçadão do Leme com apresentações musicais de fim de tarde. Os artistas ficam na parte coberta e o público se espalha, inclusive pela areia e pelas redes amarradas aos coqueiros. Na Praia do Leme, em frente ao restaurante La Fiorentina. Diariamente das 9h às 23h. Roda: sextas-feiras, 17h. Sempre uma atração diferente. Couvert: R$7.
17h às 21h – Armazém do Senado – o tradicional botequim de 1907, Patrimônio Cultural da Cidade é pequeno para a turma que toda sexta e sábado vai conferir concorridas rodas de samba e os frequentadores acabam ocupando a rua e bares ao lado como o Labuta. Av. Gomes Freire, 256 – Centro. Grátis.
21h – Roda de Samba com o grupo Galocanto – Beco do Rato, Lapa. Às 18h, happy hour com Os melhores do Samba. R$25 mais taxa de R$2,50 pelo Sympla. Rua Joaquim Silva, 11, Lapa. Tel (21) 97968- 3670.
Auê Carnaval – hoje e amanhã (4 e 5), no Armazém Utopia, na Gamboa. O Auê Carnaval 2022 é uma maratona musical com DJs, grandes nomes da música brasileira, como Alceu Valença, e blocos carnavalescos.
Hoje (4/3): Caros Emmerick, Cix, Bloco pra Iaiá, Yasmin Vilhena, Silva, Bruna Lennon, Bahruth. Amanhã (5/3): Tatá Ogan, Ubunto, Forró da Taylor, Yasmin Vilhena, Alceu Valença, Yasmin Vilhena, Jamal, Bruna Lennon, Vem Cá Minha Flor (Cortejo).
22h – Forró de Bamba com Moyses Marques e Trio – composto pelos tradicionais instrumentos do forró com Rodrigo Ramalho na sanfona, Daniel Karin na zabumba e Malcolm Reis no triângulo. Nos intervalos o Dj Darvyn Orlan. Clube Democráticos – Rua do Riachuelo, 91. Ingressos de R$25 a R$ 50 (na hora).forrodebamba@gmail.com. Na bilheteria, compra de ingresso só em dinheiro. O bar aceita cartão.
22h – Sextas de Forró – toda a primeira sexta do mês dois djs. Na lista R$15 a noite toda e sem lista, R$20.Por causa da pandemia o local só pode receber 50% da sua lotação. Para colocar o nome na lista: marque o seu nome no mural do evento, tire um print do seu nome publicado, apresente na entrada. Mostre a publicação na hora. Você pode marcar seus amigos que não têm Facebook. E confirme presença. Entrada somente em dinheiro e o local está sujeito a lotação com salão Liberado para dança.
23h – Sertanejo In Rio – Henrique & Juliano e Maiara & Maraisa – Jeunesse Arena – Barra da Tijuca .Abertura dos portões: 21h. Ingressos: a partir de R$110.
SÁBADO
20h – CarnaSal no Salgueiro – A Acadêmicos do Salgueiro também promove a sua própria festa encerrando hoje a folia com mais um CarnaSal, com participação do Bloco das Carmelitas.
Carna Mango: hoje, no jardim do BcO. Space Makers, no Santo Cristo.
TEATRO
As cangaceiras, guerreiras do sertão: é uma fábula inspirada em depoimentos de mulheres que seguiam os bandos nordestinos (o Cangaço), que atuavam contra a desigualdade social da região. É um teatro musical que exalta a força da mulher nordestina.
O musical conta a história de um grupo de mulheres que se rebelam contra mecanismos de opressão que encontravam dentro do próprio cangaço. Além de reflexões sobre o conceito de justiça social que o cangaço representava, o espetáculo reflete sobre as forças do feminino nesse espaço de libertação e sobre nossa ideia de cidadania e heroísmo. Canções originais foram compostas para a produção, inspirando-se em ritmos da cultura nordestina. Com Amanda Acosta, Marco França, Vera Zimmermann, Luciana Ramanzini. Direção: Sergio Módena. Dequinta a sábado, às 20h e domingo às 19h; ingressos: Plateia VIP R$120 | Plateia e Balcão Nobre R$100 | Balcão Superior R$50 – estreou ontem e fica até 20 de marçoacesse: https://bit.ly/3F7Iod7 / duração: 135 minutos – Teatro Riachuelo.
Quando eu for mãe, quero amar desse jeito – Vera Fischer é dona Dulce Carmona, uma septuagenária que recebe a notícia de que seu único filho vai se casar com uma mulher que ela não conhece. A comédia mostra a luta de uma mãe obcecada para dar ao filho um futuro digno de sua classe social. A mãe aristocrática entra numa guerra com a noiva do filho para manter a imagem da família. Direção: Tadeu Aguiar. Elenco: Vera Fischer, Larissa Maciel e Mouhamed Harfouch. A partir de amanhã e até 17 de abril. Sexta e Sábado, às 20h e domingo, às 19h.TEATRO CLARA NUNES– Shopping da Gávea – Rua Marquês de São Vicente, 53 – Loja 370. Ingressos entre R$ 35,00 e R$ 90,00 no sympla, link: https://bileto.sympla.com.br/event/71786/d/128707