16/08/2022
Por Maria Luiza Busse, diretora de Cultura da ABI
O Sequestro da Independência – Uma história da construção do mito do Sete de Setembro
Há menos de um mês do bicentenário da Independência do Brasil, os autores Lilia Moritz Schwarcz, Lúcia Klück Stumpf e Carlos Lima Junior, fazem revisão histórica daquele 7 de setembro de 1822 que forjou o imaginário nacional e o olhar social do brasileiro que acabaram promovendo uma construção simbólica fora do lugar para si próprio. O lançamento está sendo acompanhado de exposição de objetos e representações pictóricas que dão a versão oficial imagética do acontecimento. Um exemplo é a cópia do quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo, encomenda do imperador Pedro II ao pintor para eternizar o feito de seu pai, Pedro I. Editora Companhia das Letras.
Entre integralistas e nazistas: racismo, educação e autoritarismo no sertão de São Paulo
“O Estado brasileiro foi um Estado eugenista, A elite política, econômica, científica e intelectual do país adotou práticas eugenistas nos anos 30 e 40, que são marcas da Constituição de 1934”, afirma Sidney Aguilar Filho, autor da tese de doutorado indicada para publicação que agora chega ao alcance dos interessados. A constatação do professor foi possível a partir de uma aluna contar sobre a fazenda no interior de São Paulo em que havia tijolos marcados com a suástica, o símbolo nazista. A pesquisa levou o historiador à “Câmara dos Quarenta”, órgão de cúpula da Ação Integralista Brasileira, de Plínio Salgado. Sob a tutela do Estado, a organização transferiu 50 crianças, de 9 a 12 anos, sendo 48 delas pretas e pardas, de um educandário do Rio de Janeiro para a Fazenda Cruzeiro do Sul, na cidade de Campina do Monte Alegre, São Paulo, da família Rocha Miranda. O livro foi adaptado para cinema e produziu o tocante e importante filme Menino 23-Infancias Perdidas no Brasil, do diretor Belisário França. Alameda Editora.
História dos jovens no Brasil
Em 15 artigos de pesquisadores brasileiros, um perfil da juventude e o de ser jovem no Brasil colonial, imperial e republicano. O tema é abordado pelas diferentes perspectivas da sexualidade, esporte, música, política, rebeldia, militarismo, e da invisibilidade de crianças dos grupos sociais vulneráveis que passam direto da infância à vida adulta desde a escravidão. Segundo a historiadora responsável pela organização do livro, Mary Del Priore, “a partir de década de 1940, os jovens já gozavam de autonomia e viviam sociabilidades específicas. Entre a elite, a palavra adolescente, que existe desde o século XVI, passou a designar a juventude burguesa”, observa Priore. Editora Unesp.
A menina do cabelo azul
A menina do cabelo azul queria ser diferente das outras meninas, mas, no fundo, só queria ser ela mesma. Para isso, muitas vezes é preciso experimentar ser outra coisa. Essa é a mensagem deste infanto-juvenil escrito por Morena Cattoni. Segundo a autora, sua menina podia ser o menino do cabelo cor de rosa ou menine de cabelo roxo, e o livro se destina a “toda criança que deseja se destacar e ser o que quiser, trazendo a reflexão de que é preciso experimentar algumas coisas, sobretudo na pré-adolescência”, explica a mãe de Isabela, de 4 anos e madrasta de Letícia, de 17. Morena também é diretora teatral, professora de interpretação e trabalha com pesquisa de conteúdo para audiovisual. Ilustrações de Luiza Viveiros de Castro. Publicação Zucca Books.
Cartas e escrita – Práticas culturais, linguagem e tessitura da amizade
Baseada em cartas de grandes nomes da cultura artística brasileira, como Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Anita Malfatti, Portinari, Fernando Sabino, e de tantos outros, a autora Maria Rosa de Camargo oferece profundo estudo sobre a prática epistolar de pessoas comuns analisando como percebem a ideologia do cotidiano e registram suas versões do mundo e da cultura que, para a opinião corrente, não representam lugares sociais de importância na história de uma nação. O livro está disponível para download gratuito. Editora Unesp.
Estudos sobre o português no sul do Brasil
Produzido com dados gerados pelo banco VARSUL – Variação Linguística na Região Sul do Brasil – , os 8 capítulos do livro refletem sobre a construção e desenvolvimento da língua portuguesa na região e as influências de povos emigrantes no idioma nacional. De acordo com os organizadores, Odete Pereira da Silva Menon e Edson Domingos Fagundes, a obra fornece ampla visão da língua compartilhada pelos moradores do Sul do país. Editora da UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Veja no site https://editora.utfpr.edu.br/produto/estudos-sobre-o-portugues-no-sul-do-brasil/
Para Fellini com amor
Homenagem da crítica de cinema Mariza Gualano ao diretor italiano, falecido em 1993, aos 73 anos. O livro traz a obra completa do cineasta. Destaca cenas e falas de personagens inesquecíveis interpretados por Marcello Mastroianni, Giulietta Masina, Alberto Sordi, entre outros, algumas tão marcantes que o sobrenome Fellini entrou no vocabulário corrente como adjetivo, felliniano, para qualificar algo extraordinário e surpreendente. Registra, ainda, citações do próprio Fellini sobre sua persona, o cinema, a arte, as pessoas, a vida em geral, e observações a respeito de cada trabalho que realizou. Inclui também depoimentos de artistas. Segundo Gualano, impossível não amar Fellini porque “seus filmes são sonhos em estado de vigília que mexem nas entranhas das memórias e no inconsciente consciente. Abrigo de fantasias reais que produzem o riso, a melancolia, o incomodo, o desconforto e o delírio”. Nessa viagem amorosa, a autora teve a companhia da artista plástica e ilustradora Roberta Maya, que assim declara o motivo da irremediável sedução: _” Fellini uma vez disse que o cinema para ele, antes de ser Dramaturgia, é pintura. Talvez por isso sempre fui encantada pelos seus filmes, suas luzes, suas cores e seus personagens tão expressivos, sua capacidade de construir o caos de maneira tão harmoniosa, toda a beleza e originalidade do seu trabalho”. Editora Chiado Brasil.
Tudo por um triz: civilização ou barbárie
Como reconstruir o Brasil após as ruínas da barbárie-bolsonaro? Um impulso de urgência levou o historiador e professor de literatura comparada João Cezar de Castro Rocha a reunir 42 nomes da inteligência brasileira ligados pelo desejo comum de imaginar uma Nação fraterna e solidária, na qual a retórica do ódio e o desprezo pelo outro sejam substituídos pela ética do diálogo e pelo amor ao próximo. João Cezar define o trabalho como um livro do calor da hora, no ritmo que antecede as eleições de 2 de outubro deste 2022. De acordo com o organizador, “o que está em jogo é nada menos do que a ameaça autoritária do governo Bolsonaro, que se caracteriza por colocar em cena uma autêntica arquitetura da destruição”. Mais uma lúcida e certeira intervenção de João Cezar de Castro Rocha. Editora Kotter. Veja no site https://kotter.com.br/loja/tudo-por-um-triz-reflexoes-sobre-outubro-joao-cezar-de-castro-rocha-org/
Liga forte, clubes fracos? A espetacularização do basquete masculino brasileiro
A análise da atuação da Liga Nacional de Basquete e dos clubes participantes do Novo Basquete Brasil, a transformação do esporte de prática amadora em espetáculo mercantilizado, e as condições sociais que possibilitaram as mudanças estruturais para que isso acontecesse, são os assuntos tratados por Edson “China” Hirata. O professor da Universidade Federal Tecnológica do Paraná, reúne neste livro todo o seu conhecimento de anos como atleta, técnico, dirigente e entusiasta do basquete masculino brasileiro. Editora UTFP.