09/07/2022
Por Maria Luiza Busse, diretora de Cultura da ABI
Ninguém disse que seria fácil
Em 42 artigos curtos, produzidos ao longo dos últimos anos marcado por consecutivas derrotas da esquerda, ascensão da extrema direita e perdas substantivas de direitos da classe trabalhadora, o historiador e militante Valerio Arcary lança reflexão sobre a militância socialista muitas vezes presa a teorias, análises de conjuntura e trabalho analítico e conceitual, que comprometem a luta por abandonar a fraternidade camarada.
“Na teia do ser social que constituímos e que nos constitui, avançamos muito na compreensão de suas determinações objetivas, mas nem sempre damos a devida atenção ao problema da subjetividade”, observa Arcary, destacando a confiança como a base do bom combate. A perspectiva politica do autor é reforçada no prefácio assinado por Mauro Iasi: _” precisamos conversar sobre a militância, sobre a sensação de isolamento que se segue a uma derrota, sobre o fracionalismo, o embrutecimento, a saúde mental, os valores que nos guiam, os preconceitos, o anti-intelectualismo. Precisamos conversar sobre nós e os outros, os adversários e os inimigos, a classe idealizada e as pessoas reais que compõem nossa classe”, afirma Iasi. Editorial Boitempo.
Como Derrotar o Fascismo em eleições e sempre
Com tarde de autógrafo no 7º Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais que começa na próxima sexta-feira, em Marica, Rio de Janeiro, o livro trata da ascensão e escalada vertiginosa da ultradireita, a chamada Alt Right_ direita alternativa_, nos principais centros Ocidentais nos últimos 10 anos, e é apresentado pelos autores Renato Rovai e Sergio Amadeu como um “guia-manifesto para a organização coletiva e mobilização permanente em rede”. O objetivo é fornecer as orientações para se empreender “o maior combate político desta geração” que é derrotar o fascismo, com todo seu aparato racista, machista e homofóbico, e hoje muito bem adaptado ao mundo digital na destruição não só da esquerda como de toda civilidade. Os conceitos e táticas apresentados ensinam como enfrentar a desinformação, o ódio, o medo, e todo tipo de frustração catalisada pelo fascismo. Uma coedição Veneta e Hedra.
Militares e militância: uma relação dialeticamente conflituosa
É realmente bom para a democracia que os militares fiquem longe da política? Ou seria melhor reconhecer que as forças políticas estão tão presentes nos meios militares quanto nos demais setores da sociedade? No que chamou de dialética conflituosa, Paulo Ribeiro da Cunha, professor de ciência política na Unesp de Marília e estudioso de assuntos estratégicos na Universidade Federal Fluminense, defende que se reconheça e legitime a presença histórica da esquerda nas Forças Armadas Brasileiras. O autor investiga a influência marxista nas fileiras do Exército por meio de periódicos pouco conhecidos e traz a presença do espírito revolucionário na Marinha dos anos 1920 com a história do Antimil, a quase invisível organização comunista voltada para a militância no interior das Forças Armadas. Analisa, ainda, o longo período de militância dos militares de esquerda no país entre a fase da “insurreição”, da proclamação da República até 1945, e a intervenção nas grandes causas nacionais que se estendeu até 1964. Nesta segunda edição revisada e ampliada, foi incluido capítulo sobre o papel desempenhado pelos militares no governo Bolsonaro a partir de 2019.Editora UNESP.
O voo do Ícaro – A internacionalização das construtoras brasileiras durante a ditadura empresarial-militar (1968-1988)
Uma análise dos dados quantitativos das obras realizadas pelas construtoras nacionais no exterior desde que foram firmados os primeiros contratos, a partir de 1968. O autor Pedro Henrique Pedreira Campos verifica padrões e tendências, a organização do empresariado e a demanda de políticas favoráveis por parte do governo da ditadura que deu amplo apoio à transnacionalização das empreiteiras brasileiras, proporcionou incentivo fiscal, financiamento facilitado e suporte diplomático à atuação do setor no estrangeiro. Entretanto, a estratégia de internacionalização sofreu retaliação, ataques e boicotes por parte das empresas e dos governos dos países centrais, sobretudo dos Estados Unidos, em defesa da produção e dos empregos internos. Uma publicação da Paco Editorial.
Paris-Brest
Jovem brasileiro vai para a França trabalhar num restaurante prestes a inaugurar. Assim começa ”Paris-Brest”, misto de romance de formação, diário de viagem e livro de receitas do jornalista, editor da revista literária São Paulo Review, e blogueiro de gastronomia, Alexandre Staut. O autor leva leitor e leitora a percorrerem paisagens bucólicas, e ensina que quem começa numa cozinha terá muitas pilhas de alhos para descascar até chegar o dia em que fará sua própria receita, ou melhor, nossa, pois conjuga os requintes da culinária francesa com as delícias dos temperos brasileiros. Já que a arte de comer também pode ser a arte do encontro, surgem personagens fantásticos no caminho. Entre receitas, histórias e lugares, não falta a presença da famosa joie de vivre francesa. Não bastasse toda essa sedução, a boa também é que a Editora Estação Liberdade, responsável pela publicação, colocou em promoção na loja virtual todos os títulos referentes à França em homenagem ao 14 de julho, dia nacional do país em memória ao episódio histórico da Tomada da Bastilha, em 1789.