Hoje é Dia de Livro


30/08/2022


Por Maria Luiza Busse, diretora de Cultura da ABI

ABI no FLIV de todos os livros

Desta quarta-feira, dia 31 de agosto, a 03 de setembro, o Rio se encontra na primeira edição do Festival do Livro Vermelho que chegou para fazer parte do calendário dos eventos pautados pelas reflexões importantes sobre questões que interferem no cotidiano político-econômico e simbólico da sociedade, como é hoje o caso do fascismo, dos ataques aos direitos trabalhistas, da ascensão da extrema direita, e do extermínio sistemático das populações indígena, preta e pobre, e LGBTQIA+

A ABI é parceira do Fliv-Rio e está presente com tenda de exposição e venda da produção literária de jornalistas de todo o país e do exterior, com a renda integral revertida para os autores e autoras. O Festival é organizado pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações-RJ onde a festa do livro será realizada.

Clara Ant, durante 40 anos assessora direta do ex-presidente e agora candidato Luís Inácio Lula da Silva, lança no FLIV o livro ‘Quatro décadas com Lula – o poder de andar junto’. Será às 16h do sábado, 3 de setembro.

Dia 31, às 18h, o tema Fascismo e neofascismo no Brasil fecha o primeiro dia de palestras, com debate e lançamento do livro Como derrotar o fascismo – em eleições e sempre, de Renato Rovai e Sergio Amadeu. Ao longo do FLIV já estão confirmadas as presenças em palestras e mesas de debate de Henrique Pizzolato, Emir Sader, Michel Gherman,  Marcos Dantas, Reimont, Mauro Osório, e muitos outros. São mais de 40 editoras presentes “neste espaço de encontro e conversa da esquerda e dos progressistas sobre o que estamos vivendo e vamos ter que enfrentar daqui para frente”, ressalta a assessora do Sinttel, Maria Claudia Pereira da Silva. A realização do FLIV-Rio teve como inspiração a Feira do Livro Político, já tradicional em São Paulo, e o mote ‘Mais livros, menos armas! ‘.

Serviço:

FLIV-RIO , rua Morais e Silva, 94, Maracanã. Estação Afonso Pena do Metrô.

Das 9h às 21h

Entrada gratuita

Livros com até 30% de desconto

Mais informações https://flivrio.org.br/   https://www.instagram.com/fliv.rio/    www.facebook.com/fliv.rio

Escravidão e dependência –  Opressões e superexposição da força de trabalho brasileira

Possibilidades de explicar a escravidão brasileira em pleno século XXI, tragédia que persiste nas relações do trabalho em plena era digital e informacional, dos algoritmos, inteligência artificial, big data, internet, e tecnologia 5G, é o que oferece esse estudo de Marcela Soares. A autora, professora da Escola de Serviço Social da UFF,  parte da colonização senhorial, escravista, patriarcal e subordinada que se constituiu destruindo o trabalho autônomo e comunal presente nas atividades indígenas e o substituiu pela escravização dos povos africanos brutalmente transferidos de seu mundo para a nascente colônia. Edição Lutas Anticapital/ Faperj.

O Mantra

Romance de Afonso Celso Teixeira sobre o excesso de trabalho e o consequente adoecimento dos docentes brasileiros, tanto da rede pública quanto do setor privado. O mantra é resultado de 30 anos de estudo e atuação na área de teatro e educação do professor e ator Afonso Celso Teixeira. Na história, o leitor/a se envolve com a saga do protagonista, o solitário professor que enfrenta as crises e desgostos que vieram após um divórcio, anos divididos em três turnos de trabalho por dia, despesas, e exigências de um sistema insensível à realidade. Fatores que podem desmotivar quem antes amava o que fazia. Afonso Celso é vice-presidente do Sindicato dos professores do município do Rio de Janeiro – Sinpro RJ e  diretor da Plena da Confederação Nacional do Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino – Contee. Pedido e compra direto com o autor pelo WhatsApp (21) 99186-3002. Preço, R$ 20. Editora NPC.

Lucélia Santos – Coragem para lutar

A trajetória de vida na dramaturgia, nas lutas políticas progressistas e no também reconhecido ativismo em defesa dos indígenas e do meio ambiente, é do que trata o livro sobre Lucélia Santos assinado pelo jornalista e também ativista ambiental Eduardo Meirelles. A obra tem prefácio de José Genoíno e depoimentos de personalidades como Antônio Grassi, Betina Viany, Cristina Pereira, Carlos Minc, Zezé Weiss, Angela Mendes, Gomercindo Rodrigues, Sônia Guajajara, Luiza Erundina, Matheus Nachtergaele, Fernando Gabeira e Pedro Neschling. Lucélia e seu biógrafo estarão no FLIV fazendo o lançamento e no dia 01 a protagonista das muitas causas ecopoliticas estará na mesa Amazônia e Meio ambiente, que se realiza no horário das 12h às 14h. Editora Telha.

Os índios e a civilização – a integração das populações indígenas no Brasil moderno

Neste ano de centenário de Darcy Ribeiro, nada mais atual do que resgatar a obra escrita entre os anos de 1964 e 1968.  No livro, o antropólogo que colaborou como indigenista com o Serviço Nacional do Índio narra e faz a crítica das relações entre as etnias indígenas e o contingente populacional em processo de expansão de novas áreas no território brasileiro, desde a chegada dos colonizadores até a primeira metade do século XX. No estudo de campo, Darcy mostra como os primeiros habitantes do Brasil lidaram com o avanço da pecuária, da agricultura, da urbanização, ao mesmo tempo em que expõe as marcas do extermínio dos povos originários nesse movimento de inserção na moderna sociedade brasileira e na resistência para sobreviver e perpetuar seu rico legado civilizatório. No governo do presidente João Goulart, o também sociólogo Darcy Ribeiro foi ministro da Casal Civil e da Educação, quando então fundou a Universidade de Brasília, UnB. Editora Global                                                  

O último da tribo – a Epopéia para Salvar um Índio Isolado na Amazônia

Narrada como um thriller, a reportagem do jornalista estadunidense Monte Reel relata a busca do último sobrevivente de uma tribo até então desconhecida. Em meio à floresta amazônica, uma equipe da Funai conhecida como Frente de Contato luta até o fim para proteger o índio solitário que se recusa a permitir aproximação. A aventura parte da descoberta, em 1996, de um único índio sobrevivente da tribo dizimada em finais de 1995 por fazendeiros que não aceitam a restrição de uso da terra indígena Tanaru de 8.070 hectares, próxima a Corumbiara, no oeste do Estado de Rondônia.

Ele vivia em pequenas ocas que construía com madeira e folhas de palmeira e em torno cavava buracos retangulares, razão pela qual ficou conhecido como o “Índio do Buraco”. No último dia 24, a ativista Neide Suruí, da ong Kanindé Ambiental, informou que o único sobrevivente da tribo Tanaru, foi encontrado morto pela Funai deitado na rede e usando as vestes tradicionais de penas de arara. O Índio do Buraco teria em torno de 54 anos e vinha sendo monitorado à distância pelos indigenistas desde quando visto pela primeira vez há 26 anos. A causa da morte está sendo investigada.

Monte Reel soube do índigena quando era correspondente do Washington Post na América do Sul, entre 2004 e 2008, e abandonou o jornal para perseguir a história. Reel nasceu em Illinois e hoje vive em Buenos Aires. Editora Companhia das Letras.

Civilização e Revolta: os Botocudos e a catequese na Província de Minas

Vozes indígenas estão nesse trabalho da antropóloga Izabel Missagia de Mattos que traz o protagonismo dos Borum, palavra que significa gente na língua de povos originários, mas referidos na documentação oficial como Botocudos ou bugres, designações depreciativas dos portugueses para os povos que usavam o botoque, ornamento circular de madeira colocado nos lábios, nariz e orelha. A autora recolheu depoimentos de homens e mulheres em arquivos brasileiros e estrangeiros, em relatos de viajantes do séc. XIX e em entrevistas recentes gravadas em português ou em Borum, do tronco linguístico Macro-Jê. Nas falas, a denúncia e a resistência às tentativas de apagamento da memória e dos saberes tradicionais, nas invasões de território, exploração da força de trabalho, etnocídio, glotocídio, e teocentrismo da catequese.