31/07/2008
De acordo com os dados do Anuário de Mídia 2007, as HQ também apresentam um grande número de títulos em bancas (185), seguidas das revistas de culinária (164), de atividades infantis (84) e infantis de interesse geral (42). Apesar disso, Maria Célia Furtado diz que as histórias em quadrinhos não mantiveram o nível de exposição com que apareciam nas bancas há duas décadas:
— Nos últimos anos, os quadrinhos passaram por grandes transformações e há uma nova geração de criadores, editores e leitores nesse universo. Os mangás (japoneses) ganharam espaço e também, principalmente, os heróis dos games. Artistas, ilustradores, desenhistas se incorporaram a este segmento, produzindo material de alta qualidade, além de títulos licenciados. A HQ deixou de ser direcionada apenas ao público infanto-juvenil e alcançou os adultos. Muitas destas publicações são “revistas-livros”, vendidas em livrarias.
Arnaldo Branco |
O cartunista Arnaldo Branco acha que a produção nacional de HQ enfrenta duas dificuldades. Uma é a segmentação do mercado; a outra, a concorrência da internet e das publicações estrangeiras:
— A segmentação fez com que as revistas em quadrinhos tenham que sobreviver vendendo menos, além da grande oscilação do número de assinantes. Outro detalhe é que o mercado de HQ perdeu muito por conta da internet e da grande facilidade em se conseguir títulos importados de melhor qualidade do que os nossos. Sem que contar que, nas bancas de jornal, quase não se vê a exposição de quadrinhos: por causa da concorrência, elas deixaram de ser outdoors de si mesmas.
Aroeira |
O também cartunista Aroeira cita dois aspectos importantes que devem ser levados em consideração nas análises atuais do mercado de HQ:
— Um deles é que as bancas, atualmente, são verdadeiros quiosques, nos quais as revistas em quadrinhos concorrem com uma quantidade muito grande de outros produtos. Em geral, o quadrinho — que nasceu adulto nas tiras de jornal, mas é sustentado pelos jovens — é mal exposto na bancas. À exceção das revistas do Maurício de Souza, acho que até mesmo a editora Abril está tendo dificuldades para vender seus super-heróis. Outro detalhe é que houve uma migração muito forte de público para a internet. O consumidor, jovem ou adulto, trocou o quadrinho pelo game.