Geografia da fome no Cineclube Macunaíma


26/01/2021


Geografia da fome no Macunaíma

O Cineclube Macunaíma exibe hoje, 3a, o documentário Josué de Castro – Cidadão do Mundo, às 20 hs, no canal da Associação Brasileira de Imprensa do YouTube. Em seguida, haverá um debate com o diretor do filme, o cineasta Silvio Tendler, e convidados: o economista e ambientalista Sérgio Besserman, além do professor universitário de Comunicação Adair Rocha.

Josué de Castro era formado em Medicina, mas tornou-se professor de Geografia Humana e Antropologia, cientista social, ativista e político. Nascido em Recife, foi autor de vários livros, sendo Geografia da fome  (1946) o de maior sucesso, traduzido para 25 idiomas. Nele o autor define o conceito de fome que utilizou em toda sua obra, além de identificar as áreas endêmicas e epidêmicas do Brasil. Além das atividades acadêmicas, Josué ocupou o cargo de embaixador do Brasil na ONU, em Genebra, e foi eleito deputado federal pelo PTB na década de 1950. Teve os direitos políticos cassados em 1964, exilando-se em Paris onde morreu aos 65 anos.

No filme de Silvio Tendler, há um depoimento de Jorge Amado em que o escritor baiano fala da tristeza de Josué em um encontro dos dois na capital francesa. Logo depois ele morreu, em 1973. Chico Science e diversas personalidades também dão seu depoimento.

A filha de Josué, Anna Maria Castro – que vive em Recife – aprendeu com ele que o problema da fome tem duas vertentes: fome não é, necessariamente, a falta de alimentos e a fome não é um fato natural. No primeiro caso, falava ele da alimentação inadequada que provoca uma série de doenças como o sarampo, catapora e obesidade. Na segunda, ele entendia que a fome não era um problema natural resultante das intempéries. É produto das relações econômicas que se processaram em nosso país e que fizeram com que apenas uma pequena parcela da população tivesse acesso aos bens produzidos. Educação, saúde e saneamento são as mais marcantes.