G20 social reúne centenas de participantes em encontro preparatório para a cúpula de novembro


21/08/2024


Por Teresa Fazolo, da Comissão de Meio Ambiente da ABI

Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil

A Cúpula do G20, que este ano tem o Brasil na presidência, traz uma inovação: o G20 Social. Sob a coordenação da Secretaria-Geral da Presidência da República, o braço social do G20 se apresenta como uma tribuna aberta, que agrega e discute propostas de movimentos sociais de base, lideranças comunitárias e campesinas, além de associações populares. Como preparação para o evento marcado para novembro, foi realizado na terça-feira (20/08) o Encontro Preparatório da Cúpula do G20 Social, na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro.

Estiveram presentes no encontro mais de mil representantes de organizações da sociedade civil e de movimentos populares, dos governos municipal e estadual, além de ministros de Estado, como Marina Silva, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. As falas dos membros da mesa de abertura convergiram em um ponto: o protagonismo do Brasil no grupo das vinte maiores economias mundiais, viabilizado e ampliado pela atuação do presidente Lula, inclusive em eventos dos quais participou no exterior. Marina Silva destacou que esse caráter social e participativo é uma diretriz marcante na gestão de Lula. Foi também lançada a plataforma G20 Social Participativo, que permite o envio de propostas, enquetes, cadastro de atividades autogestionadas e consulta pública.

Entre os três principais eixos da Cúpula — combate à fome, pobreza e desigualdade; reforma da governança global; e sustentabilidade e mudanças climáticas — pode-se dizer que é em torno deste último que os demais transitam. As políticas escolhidas pelos governos em todo o mundo para gerir a economia, o uso dos recursos naturais, a produção e a distribuição de alimentos repercutem em outras latitudes. De fato, cada país é um pedaço do planeta, e o efeito das prioridades definidas pelos líderes mundiais ultrapassa suas fronteiras.

Na mesa sobre Sustentabilidade, Mudanças Climáticas e Transição Justa, André Aquino, coordenador técnico do G20 no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, mencionou a Força-Tarefa do Clima, lançada pelo ministério para discutir conjuntamente aspectos técnicos e financeiros da transição energética, ressaltando que a questão climática não pode ser dissociada da economia. Ele também destacou a proposição do Brasil para que sejam ratificados dois tratados internacionais: um sobre os oceanos/alto-mar, que não estão sob a soberania de nenhum país, e outro sobre a reforma dos bancos internacionais para aumentar o fluxo de investimentos destinados à transição energética.

Alguns dos destaques das falas nessa mesa foram: a necessidade de os trabalhadores participarem das discussões, em vez de serem apenas treinados e readaptados (FUP – Federação Única dos Petroleiros); o alerta sobre as falsas alternativas apresentadas como ‘verdes’, mas que, na verdade, priorizam o lucro (Grupo Carta de Belém); e a necessidade de mudar o atual sistema de caráter extrativista e colonialista, origem dos problemas enfrentados atualmente. Sugeriu-se a celebração de um Jubileu de Esperança, com a proposta de um mês de repouso para a Terra, a ratificação pelo Brasil do Tratado de Escazú e o fim da perseguição àqueles que lutam pelos direitos humanos e da natureza (Comissão Especial para Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB).

Os participantes foram convocados a elaborar propostas em grupos, das quais três, consideradas mais relevantes, serão encaminhadas a uma Comissão de Sistematização, que organizará o que será levado ao G20 Social para a etapa final, nos dias 15, 16 e 17 de novembro. Entre as propostas apresentadas, destacaram-se a relevância do setor pesqueiro e a necessidade de bloquear usinas eólicas offshore; a importância do acesso à água como bem comum; a reparação de perdas e danos pelos países mais poluidores; o incentivo à educação ambiental; e a não financeirização dos bens da natureza. Também foram mencionados o combate ao racismo ambiental, a importância da adoção da agroecologia e o monitoramento do uso de agrotóxicos.