Por * Kika Santos
14/10/2014
O autor desta imagem é Josias Ângelo da Silva Neto, estudante de filosofia, 30 anos. O fotógrafo perdeu totalmente a visão há sete anos por um descolamento da retina, mas isso não o impede de registrar cenas urbanas e acredita que o essencial é habilitar as suas percepções.
A fotografia produzida na estação de metrô do bairro do Capão Redondo, periferia da zona sul da capital paulista, tem foco em um único ponto: o piso tátil que guia os deficientes visuais. Ao mesmo tempo, a imagem desfoca no primeiro plano a pessoa que caminha com o auxílio de uma bengala. Atrás estão a cidade e todas as suas cores.
A imagem registrada no Capão Redondo pode ser vista no Memorial da Inclusão, na Barra Funda, até 27 de novembro, como parte da exposição Não Vi, que traz também trabalhos de mais sete fotógrafos cegos. O tema da exposição é acessibilidade.
Segundo a curadora do Memorial da Inclusão, Elza Ambrosio, tanto o público sem deficiência, como o Leonardo e a Stefani, quanto aquele com algum tipo de deficiência, podem se encantar com as atrações do espaço. “O objetivo é falar do movimento social da pessoa com deficiência. Aqui, ele foi pensando em desenho universal, então todas as pessoas que entram no Memorial da Inclusão são, de fato, bem-vindas”.
O espaço traz nova exposição todo mês e mantém uma mostra permanente com 11 painéis, tratando das deficiências auditiva, visual, intelectual e física. O memorial é dividido pelas alas da comunicação, legislação, direitos da pessoa com deficiência, além da sala de sentidos, onde o visitante sente na pele como é viver sem enxergar.
O Memorial da Inclusão funciona de segunda a sexta, das 10h às 17h, e está localizado na Avenida Auro Soares de Moura Andrade, 564, na capital paulista. A entrada é gratuita e as visitas de grupos podem ser agendadas pelo telefone (11) 5212-3727.