Por Claudia Sanches e Claudia Souza
11/05/2015
O Itamaraty confirmou nesta segunda-feira dia 11, que Gabriel Chaim, preso desde o dia 5, durante a cobertura dos conflitos na Síria, retornará ao País. De acordo com autoridades turcas, a deportação ainda não tem data definida.
O fotógrafo está preso na cidade de Ancara, em um prédio da direção geral de segurança do país, onde recebeu a visita de funcionário da embaixada brasileira na Turquia, que constatou o bom estado de saúde do profissional de imprensa.
Gabriel Chaim foi detido na última terça-feira, 5, às 23h, com outros dois colegas de profissão, um alemão e um turco, na região de Sanliurfa, quando tentavam cruzar a fronteira entre a Turquia e a Síria.
— A única forma de ultrapassar a fronteira da Síria é ilegalmente. Todos veículos e profissionais que fazem a cobertura entram clandestinamente, assim como eu estava tentando. A situação não foi um impeditivo para mim, pois meu interesse era mostrar o que está acontecendo naquele território. A cidade de Kobane, de onde eu parti, foi cercada por membros do Estado Islâmico (EL), e a Turquia só autoriza a entrada no país para feridos em estado grave ou para caminhões com produtos humanitários.
De acordo com o fotógrafo, ao se aproximarem da fronteira, soldados turcos apontaram armas para ele e os colegas, e, em seguida, deram tiros para o alto.
— Os agentes de segurança ordenaram que deitássemos no chão e depois nos levaram para diversos locais diferentes, até sermos interrogados durante mais de 14 horas. Nos deram apenas duas bananas para dividirmos por três. O sono era avassalador. Agentes armados nos vigiavam até no banheiro.
Os três fotógrafos detidos foram informados por um promotor local que serão deportados.
— Estou tranquilo com a notícia, mas, por outro lado, sinto-me triste por tentarem calar a nossa voz. Eu ainda teria muito trabalho a fazer na Síria, contudo, serei obrigado a permanecer longe por muito tempo.
Especialista em cobertura de guerra, Gabriel Chaim, que trabalha como freelancer para veículos brasileiros e estrangeiros, entre os quais como a rede de TV norte-americana CNN e o jornal britânico The Guardian, já foi preso quatro vezes na Síria desde o início dos conflitos na região, em 2011. Mais de 200 pessoas foram mortas no período.
*Com agências internacionais e G1