15/12/2022
Jânio de Freitas, aos 90 anos, nosso colunista maior, depois de quatro décadas nos brindando com sua inteligência, coragem e sabedoria,é dispensado pela Folha. Assim como Gregório Duvivier.
Como disse José Trajano, do Conselho Consultivo da ABI, “luto na imprensa brasileira”.
A demissão do maior jornalista brasileiro é mais uma amostra de que o discurso de liberdade de expressão e pluralidade é só mais uma entre as tantas mentiras dos “liberais” brasileiros.
“A Folha se apequena tanto , mas tanto, ao demitir Janio de Freitas”, desabafou a jornalista Dorrit Harazim.
Demissão de Janio de Freitas: um réquiem para a Folha de S.Paulo
Por Leandro Fortes, em DCM
Eu estava lá, fardado, nos estertores da ditadura militar, de sentinela, próximo ao muro dos fundos de um quartel, em Barbacena, fazendo a primeira ronda da noite, metido em coturnos e numa japona de lã. Ouvia, ao longe, o som da multidão. Era 1984, o movimento das Diretas Já havia, finalmente, chegado à geleiras da Mantiqueira, mas no quartel, um internato militar, aquela realidade só existia para uns poucos que pescavam, na clandestinidade, os jornais que a soldadesca retirava do cassino dos oficiais e jogava no lixo. Eu tinha 18 anos, eu era um deles. Eu lia a coluna de Janio de Freitas.
Para saber mais, usei da prerrogativa de um cargo – o de presidente da Sociedade Acadêmica da escola – para fazer assinaturas da Folha de S.Paulo e da Veja, para que todos também soubessem. O Comando do Corpo de Alunos me chamou em audiência, queriam saber as razões daquele movimento. Ainda era ditadura. As assinaturas duraram só dois meses, mas eu já estava capturado.