Fifa pode investigar Marin por morte de Herzog


15/05/2013


José Maria Marin, presidente da CBF, pode ser investigado pela FIFA por morte do jornalista Vladimir Herzog. (Crédito: Veja).

José Maria Marin, presidente da CBF, pode ser investigado pela FIFA por morte do jornalista Vladimir Herzog. (Crédito: Veja).

Em visita ao Brasil, o secretário-geral da Federação Internacional de Futebol – FIFA, Jérôme Valcke, afirmou que o Comitê de Ética da entidade pode investigar o presidente da CBF, José Maria Marin, por sua ligação com a ditadura militar e a prisão e morte do jornalista Vladimir Herzog.

A pressão sobre Marin, presidente da CBF e do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo – COL, aumentou após a divulgação, no último mês, de documentos que comprovam o apoio do dirigente ao governo militar. No dia 4 de abril, a ABI sediou o lançamento oficial da campanha “Fora Marin”.

Valcke ainda não vê a questão como algo a ser analisado pela Fifa, mas deixou aberta uma possibilidade de investigação.

“Por enquanto, esse é um problema do Brasil, não da Fifa. Mas, se o Comitê de Ética da entidade e a Câmara de Investigação quiserem abrir uma investigação, podem fazê-lo. Esse é o sistema do novo Comitê de Ética. Eu não sei o que vocês, brasileiros, querem fazer e não sei se vocês estão abrindo uma investigação, mas até agora eu diria que estamos trabalhando todos juntos”, disse o secretário-geral da Fifa.

A CBF também se vê às voltas com denúncias de irregularidades. De acordo com reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, a compra do novo prédio da entidade teria sido superfaturada. Marin, substituto de Ricardo Teixeira na presidência da CBF, tem mandato até 2015.

Apelo

Em abril, o filho do jornalista Vladimir Herzog, Ivo Herzog, apelou à FIFA para que Marin fosse investigado pelo Comitê de Ética da entidade.

“Fiquei sabendo que a Fifa tem um comitê de ética e esse comitê de ética que pode julgar se a pessoa pode representar o futebol o não”, disse Herzog “O melhor cenário possível é se a Fifa disser que o Comitê de Ética vai investigar. É um processo de ir conversando com as pessoas que têm influência”, completou.

No e-mail, endereçado a Valcke, Herzog explica todo o processo da petição com 54 mil assinaturas levada à sede da CBF, no Rio, pedindo a saída do presidente da entidade. Ele diz, ainda, que espera que o Comitê de Ética da FIFA investigue Marin e o considere inapto para trabalhar como representante do futebol.

Leia, abaixo, a versão original e sem cortes do e-mail:

Dear Mr. Jerome Valcke

Please will you forward this appeal to FIFA President Blatter.

Thank you.

Dear President Blatter:

Recently I discovered disturbing facts regarding the president of the Brazilian Futebol Federation (CBF), Jose Maria Marin and the assassination of my father, the journalist Vladimir Herzog (http://en.wikipedia.org/wiki/Vladimir_Herzog).

I started a petition asking that Marin is removed from his post as the president of CBF and as the person in charge of World Cup 2014 Local Organisation Committee.

We collected over 50 thousands signatures. I send this petition to all Football State Federation in Brazil, to CBF and to all A Serie football clubs (the group that elects CBF president).

Myself, thousands of Brazilians and the local and global press are outraged that we have a person that built his life supporting a dictatorship and embraced the secret police of that regime that kidnapped, tortured and assassinated dozens of people demanding a return to democracy and freedom. My father was one of these victims.

It is unacceptable that we have someone with such terrible background as Jose Maria Marin as the representative and host of the 2013 Confederation Cup and 2014 World Cup.

President Blatter, I appeal to you to refer Jose Maria Marin to the FIFA Ethics Committee for conduct unbecoming a football official and unfitness to hold off ice In the organisation.

Yours Sincerely,

Ivo Herzog

Texto: Igor Waltz

* Com informações da portal UOL, portal ESPN.com.br e do jornal Lance!