22/01/2020
O Presidente Jair Bolsonaro, na manhã desta quarta-feira (22/01), protestando contra a divulgação do Relatório Anual da Violência Contra Jornalistas no Brasil, elaborado pela Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ e tornado público no dia 16 passado, anunciou que deixará de dar entrevista à imprensa, para não ser acusado de agredi-la..
Segundo queixou-se, como o Relatório – que ele atribuiu à Associação Nacional dos Jornalistas – o acusa de atacar jornalista quando de suas entrevistas, por se considerar “pacífico” deixará de falar aos jornalistas até que o “processo seja retirado”.
Na realidade, não existe qualquer processo contra o presidente movido pela FENAJ. Mas sim o relatório que constatou o crescimento dos ataques a veículos de comunicação e a jornalistas, muito por conta do próprio Bolsonaro. De 2018 para 2019, como divulgado aqui em Com Bolsonaro, crescem ataques a jornalistas, registrou-se um aumento de 54,07% no número de agressões a jornalistas e aos meios de comunicação. Apenas o presidente da República, sozinho, foi o responsável por 121 casos (58,17% do total).
Depois da fala do presidente, ao sair do Palácio da Alvorada, a presidente da FENAJ, Maria José Braga, reafirmou que o mapeamento e divulgação das agressões a jornalistas por parte do Presidente da República, “é uma ação da entidade em defesa da categoria dos jornalistas e do exercício da atividade profissional, que estão sendo sistematicamente atacados pelo governo, na pessoa do presidente.”
A declaração de Maria José foi repetida em diversas entrevistas concedidas à imprensa após o presidente Bolsonaro declarar que não falará com jornalistas até que um “processo seja retirado”, sem especificar. O Palácio do Planalto confirmou em e-mail a jornalistas que o presidente Bolsonaro se refere ao Relatório da Violência contra Jornalistas 2019. Os ataques do presidente, no relatório foram classificados na categoria “descredibilização da imprensa”.
Maria José declarou que a Federação não possui, ainda, nenhum processo judicial contra o presidente e que a entidade avalia possíveis ações jurídicas, políticas e sindicais para que o jornalista tenha respeitado o direito ao exercício profissional. Sobre Bolsonaro se recusar a conceder entrevistas, a presidenta da FENAJ lembrou que é dever de todo funcionário público agir com transparência e, portanto, é dever do presidente informar à sociedade sobre os atos de governo.
(*) Com informações retiradas do site da Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ
Acesse aqui o Relatório de Violência contra Jornalistas 2019.