14/10/2006
Trincheira inexpugnável da defesa da liberdade de imprensa e dos direitos humanos, a ABI, em quase um século de existência, mantém vivo o ideal de Gustavo de Lacerda, seu fundador, com o orgulho de nunca ter-se dobrado à intolerância e à violência dos Governos ditatoriais, nem mesmo quando explodiram sua sede. Este é um dos fatos de repercussão nacional que marcaram a trajetória da ABI e sua missão institucional de bem servir à classe jornalística e ao povo brasileiro.
“O petróleo é nosso”
Foi na sede da ABI que se realizaram as reuniões patrióticas que antecederam a Lei de 1953, que instituiu a Petrobras. Na noite de 1º de agosto de 1988, parlamentares de várias tendências, intelectuais, representantes de entidades da sociedade civil e centenas de populares lotaram o auditório da Associação, numa manifestação em defesa do monopólio estatal do petróleo, contra os contratos de risco e pela nacionalização das riquezas minerais do País. O ato foi presidido por Barbosa Lima Sobrinho.
Atentado no edifício-sede
Em 1976, quando a ABI era uma das entidades da sociedade civil que mais se destacava na defesa das liberdades democráticas, um ato terrorista destruiu todo o 7º andar do edifício-sede da instituição, onde funcionavam o Conselho e os serviços administrativos e a Presidência. As autoridades nunca conseguiram identificar os autores do atentado a bomba.
Defesa de jornalistas
Ao longo da sua história, a ABI sempre se empenhou pela defesa dos direitos dos jornalistas. No período de dois regimes ditatoriais, com o Estado Novo e o golpe militar de 64, a ABI intermediou a soltura de jornalistas presos e submetidos a inquéritos policiais, acusados de subversão. Foi graças ao empenho da ABI que vários jornalistas exilados puderam retornar ao Brasil antes da anistia. Um deles foi Edmundo Moniz, que presidiu a Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa. Na sede da ABI, foi realizado o ato de protesto contra a morte de Vladimir Herzog e recebidas diversas famílias de jornalistas desaparecidos que procuravam a Associação em busca de ajuda.
Fim da censura
Na sede da ABI, em 1988, aconteceu a última reunião do Conselho Federal de Censura, liquidado pela nova Constituição. A despedida aconteceu na Sala Belisário de Souza, na tarde de 28 de setembro de 1988. No mesmo dia o Presidente Sarney assinava o decreto instituindo o Conselho de Defesa da Liberdade de Criação e de Expressão, para o qual foram designados representantes da ABI.
O impeachment de Collor
Numa sessão do Conselho Administrativo da ABI, em outubro de 1992 — logo após ter sido aprovado o pedido de impeachment de Fernando Collor de Mello na Câmara dos Deputados —, Barbosa Lima Sobrinho, então Presidente da Casa, relatou uma de suas viagens a Brasília, ocasião em que defendeu na Câmara o pedido de impeachment de Collor, juntamente com o então Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcelo Lavenère. Para Barbosa Lima Sobrinho, a atuação da imprensa no episódio situava-se entre as mais importantes, vigorosas e decisivas registradas na memória da Nação.