Europa: protesto em prol do jornalismo


05/11/2010


Sindicatos de Jornalistas de toda a Europa iniciaram nesta sexta-feira, 5 de novembro, um movimento em prol da ética no jornalismo e em defesa de melhores condições para o exercício digno da profissão. Esse é o terceiro ano consecutivo em que os profissionais da mídia do continente promovem uma jornada em defesa da categoria. Sob o título “De pé pelo jornalismo 2010” (Stand Up for Journalism 2010, sigla em inglês), o protesto questiona os retrocessos na questão dos direitos trabalhistas e “a crescente concentração dos meios de comunicação que afeta o pluralismo necessário à democracia”.
 
 
Em Portugal, o Sindicato de Jornalistas, com o apoio de outras entidades sindicais de outros setores da mídia, anunciou que está trabalhando para que a jornada de luta, iniciada nesta sexta-feira, se transforme “em um marco importante na defesa dos legítimos interesses dos trabalhadores da comunicação social, contra a precariedade, pela defesa do direito à contratação coletiva, por condições de trabalho e de vida dignas”. Em assembléia geral, realizada na quinta-feira, os jornalistas portugueses decidiram que farão uma greve geral no dia 24 de novembro.
 
A Federação de Sindicatos de Jornalistas da Espanha (FeSP) informou que vai exigir dos parlamentares que assumam a obrigação de garantir aos cidadãos o direito à informação, conforme determina a Constituição espanhola. A entidade solicitou às suas afiliadas que se unam para a criação de bases legais que garantam um jornalismo ético e de qualidade.
 
 
Na Itália, a mobilização dos jornalistas é pelo bem-estar coletivo e pela liberdade de imprensa. Na Grécia, o sindicato local vai promover na cidade de Tessalônica uma série de palestras sobre mídia e novas modalidades de jornalismo. Os encontros serão organizados durante três meses, e vão abordar também a sustentabilidade no jornalismo.
 
 
Em Chipre, os sindicalistas anunciaram que vão discutir uma estratégia de sensibilização para lutar contra a falta de assinaturas de contratos coletivos de trabalho e pela defesa da criatividade da atividade jornalística.
 
 
Na Turquia, diversas associações da classe vão se unir na “Plataforma de Liberdade para os Jornalistas” e organizar uma manifestação, seguida de conferência de imprensa, em Ancara. A Federação Européia de Jornalistas programou uma visita à embaixada da Turquia em Bruxelas (Bélgica), para protestar contra a prisão de 50 jornalistas turcos e exigir a libertação imediata dos profissionais encarcerados.
 
 
A qualidade do jornalismo também é uma das principais preocupações dos jornalistas da Eslováquia, cujos sindicatos vão organizar um congresso para adotar um conjunto de códigos de ética visando à elevar os padrões jornalísticos no país.
 
Na Áustria, os jornalistas estão organizando um congresso da categoria para debater sobre a liberdade de imprensa e o direito de sigilo das fontes. Já os sindicatos na Alemanha estão fazendo uma campanha de solidariedade aos freelancers, em defesa de uma remuneração justa pelo trabalho desses profissionais. Segundo fontes sindicais, desde fevereiro vários grupos de mídia têm-se recusado a implementar novas políticas de remuneração favoráveis aos profissionais que trabalham sob o sistema de colaboração.
 
O assunto também preocupa os sindicatos dos jornalistas noruegueses, finlandeses e suecos, que anunciaram que farão uma manifestação em bloco em Oslo (Suécia) para protestar contra os contratos de trabalho injustos para os freelancers, e os desafios que estes profissionais enfrentam. Durante o protesto cada entidade distribuirá publicações específicas expondo os seus pontos de vista.
 
 
Londres

 
A luta dos jornalistas por melhores condições de trabalho também chegou à Inglaterra. Nesta sexta-feira, os profissionais da BBC iniciaram uma greve de 48 horas. O site da própria organização noticiou que o movimento afetou a programação, incluindo importantes programas da grade de rádio e televisão.
 
 
A greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Jornalistas em protesto contra uma determinação da diretoria da BBC — que tem 4,1 mil funcionários sindicalizados — de alterar o plano de aposentadorias. Ao comentar a greve, o Secretário geral do Sindicato, Jeremy Dear, disse que era uma indicação clara de que “os jornalistas (da BBC) lutarão por um acordo justo na questão das aposentadorias”.
 
 
* Com informações da Federação Européia de Jornalistas.