Por Igor Waltz*
28/10/2014
Governos ao redor do mundo não estão combatendo da forma adequada a impunidade relacionada aos homicídios brutais de jornalistas, sendo que 90% dos assassinos estão livres. As informações foram divulgadas nesta terça-feira, 28 de outubro, em um relatório publicado pelo Comitê de Proteção ao Jornalista (CPJ). De acordo com a instituição, a impunidade cresceu em uma média de 56% entre 2008 e 2014.
O local mais afetado foi a Somália, onde o índice de casos não solucionados quadruplicou na última década. O país é seguido do Paquistão, México e as Filipinas. Segundo o estudo, pelo menos 370 jornalistas foram mortos no período, por causas diretamente relacionadas ao seu trabalho. A maioria dos profissionais cobriam corrupção, crimes, direitos humanos, política ou guerras. Em cerca de 330 desses casos, houve impunidade total – ninguém foi preso, acusado ou condenado.
Elisabeth Witchel, autora que coordenou as consultas para o relatório e consultora do CPJ para uma campanha nacional contra a impunidade, disse que “casos de assassinato não resolvidos de jornalistas, que buscam informar a sociedade e o mundo, são uma das maiores ameaças à liberdade de imprensa hoje”, afirmou.
Para Witchel, é crucial que “governos e as Nações Unidas forneçam recursos e apoio político para romper o ciclo de impunidade no assassinato de jornalistas”. O relatório olha de maneira especial para lugares onde há níveis recordes de violência e impunidade antimídia, tais como Iraque, Somália, Filipinas, México e Rússia, assim como países onde os jornalistas têm sido envolvidos em distúrbios de forma crescente, como a Síria.
O CPJ também destaca os países que estão começando a mostrar melhorias – como Colômbia e Brasil, mas continuam enfrentando desafios. Embora o Brasil tenha feito progressos recentes, o País ficou em 11º lugar no Índice Global de Impunidade, com nove assassinatos não resolvidos para o período 2004 a 2013.
Com base em suas conclusões, o relatório fez uma série de recomendações, incluindo o pedido aos governos nacionais e líderes políticos para condenar pública e inequivocamente todos os atos de violência contra jornalistas.
O relatório em inglês está disponível nesta link.
*Com informações do CPJ, do site Poynter e do jornal The Guardian.