O Secretário de Comunicação do Equador, Fernando Alvarado, confirmou a determinação do Presidente Rafael Correa de proibir que funcionários do governo equatoriano concedam entrevistas para meios de comunicação privados. Os funcionários estatais só poderão falar com meios públicos e comunitários ou com os privados que o Executivo não considerar como oligarquias midiáticas que distorcem a realidade informativa, com viés mercantilista. O governo escolherá quais veículos terão acesso a seus porta-vozes, disse Alvarado.
Rafael Correa já moveu diversas ações contra jornalistas e veículos de comunicação. As sentenças não chegaram a ser cumpridas porque o presidente decidiu “perdoar os acusados”.
Em função dos constantes ataques de Rafael Corrêa à imprensa, a Associação Equatoriana de Editores de Jornais (Aedep) exigiu “o fim da campanha contra a mídia.”
Segundo a ONG equatoriana Fundamedios, as agressões contra jornalistas aumentaram 150% nos últimos quatro anos no Equador, a maioria delas provocadas por funcionários públicos.
De acordo com a agência EFE, em apenas 15 dias, quatro emissoras de rádio e dois canais de TV foram fechados no Equador. Segundo a ONG Fundamedios, os veículos fechados foram as emissoras de TV Telesangay e Lidervisión e as rádios El Dorado, Líder, Panter e Net.
Dados da Superintendência de Telecomunicações (Supertel) informam que desde o início de 2012, foram fechados 16 veículos de comunicação no país. As autoridades alegam que os fechamentos são motivados por “violações da Lei de Rádio e TV e problemas técnicos”.
A ONG Repórteres Sem Fronteira manifestou preocupação com o caso e afirmou que para os representantes dos veículos de comunicação afetados, trata-se de represália por questões políticas.
No último dia, 11, foi fechada a Rádio Cosmopolita de Quito. Nesta data, o Superintendente da Supertel, Fabian Jamarillo, anunciou que outras 20 emissoras provavelmente serão fechadas por atraso de pagamento de multas, entre outras razões.
— Por que temos que dar entrevistas? Por que nossos ministros têm que dar entrevistas na Ecuavisa, na Teleamazonas, ao El Universo, se são negócios privados? Com isso não estamos contribuindo para encher o bolso de seis famílias que dominam os meios em nível nacional? — disse Correa, no último dia 9, quando anunciou a ideia de proibir entrevistas para alguns veículos.
Um dia depois após este discurso, o Ministro do Interior, José Serrano, cancelou uma entrevista com o canal Ecuavisaprevista. A Ministra da Política, Betty Tola, também afirmou que não concederá entrevistas a meios privados de comunicação.
*Com O Globo, Knight Center for Journalism.