Por Cláudia Souza*
29/04/2015
As ONGs Freedom House (EUA) e Repórteres Sem Fronteira (RSF-França) lançaram nesta quarta-feira, 29, relatórios sobre o aumento da censura em veículos de comunicação em nível global, tendo alcançado o pior patamar nos últimos dez anos.
O índice de liberdade de imprensa elaborado pela ONG obteve em 2014 a mais acentuada queda dos últimos dez anos, motivada pela aprovação de leis restritivas à atuação da imprensa; pelas dificuldades de acesso de jornalistas a determinados países em conflito, como a Síria; pelo aumento da violência de grupos terroristas contra repórteres, cinegrafistas e fotógrafos; pela intensificação da censura e da repressão, não apenas em regimes tradicionalmente autoritários.
Dos 199 países e territórios estudados em 2014, pela ONG norte-americana, 63 deles foram considerados “livres” para a atuação da imprensa; 71 estão classificados como “parcialmente livres”, incluindo o Brasil; e 65 como “não livres”. O relatório aponta que “apenas 14% da população mundial vive em países cuja cobertura de assuntos políticos é robusta, com jornalistas trabalhando em clima de segurança, sob a mínima interferência do Estado, livres de pressões econômicas ou legais nos assuntos de imprensa.”
De acordo com Vanessa Tucker, representante da Freedom House, “globalmente, os jornalistas encontraram mais restrições por parte dos governos, de militantes extremistas, e de proprietários de veículos de comunicação.”
— A queda da liberdade de imprensa no ano de 2014 atingiu países na maioria dos continentes. Entre as nações democráticas, a África do Sul registrou um dos maiores retrocessos, seguida por Grécia, Hong Kong, Honduras, Islândia e Turquia. Na América Latina, Venezuela, Equador, México, Honduras e Cuba são locais onde não há liberdade de imprensa, afirmou Tucker.
Em relação ao Brasil, o relatório da Freedom House ressalta que “a mídia brasileira enfrenta as ameaças da violência e da impunidade, além de censura judicial”. Em 2014, quatro jornalistas foram mortos no País, e dezenas atacados durantes protestos contra o governo.
A classificação dada aos Estados Unidos caiu, de acordo com a ONG, devido às detenções, perseguições e agressões de jornalistas por parte da polícia, especialmente durante os protestos em Ferguson, diz o relatório.
O documento indica ainda que apenas 5% das pessoas da região da Ásia-Pacífico desfrutam de uma imprensa livre, e que a classificação da China caiu “em função das do maior controle das autoridades aos veículos de comunicação considerados liberais”. O relatório cita ainda condições mais difíceis para jornalistas na Rússia, Argélia, Nigéria, e Etiópia, enquanto a Tunísia teria obtido “melhores resultados a outros países árabes.”
Jennifer Dunham, uma das organizadoras da pesquisa, grifou que “governos de todo o mundo usaram dispositivos de leis de segurança e antiterror como pretexto para silenciar vozes críticas.”
— Apenas 2% da população do Médio Oriente e do Norte de África usufruem de um ambiente livre para a imprensa, lembrando que a Europa, como região, obteve os melhores resultados da pesquisa.
Estado Islâmico
A liberdade de imprensa “regrediu brutalmente” no mundo em 2014, aponta o comunicado da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), em razão das ações criminosas praticadas pelo grupo Estado Islâmico (EI). Dados do Observatório Sírio de Direitos Humanos informam que o grupo executou mais de duas mil pessoas desde que se apresentou como um califado nas zonas sob controle na Síria, em junho de 2014.
*Com LUSA, RTP, Freedom House e RSF