Por Cláudia Souza
01/10/2015
A ONG International Press Institute (IPI), que desde 1997 monitora crimes contra profissionais de imprensa em todo o mundo, afirma que mais de uma centena de repórteres foram assassinados nos primeiros sete meses do corrente ano.
Os dados integram o projeto “Death Watch” produzido pela entidade, que registra profissionais de imprensa mortos no exercício da profissão. “Desde o início do corrente ano foram assassinados 61 jornalistas em todo o mundo por razões ligadas ao exercício da profissão, além das 54 mortes que estão sendo investigadas pelo IPI para serem incluídas no “Death Watch”. O número anual de jornalistas mortos diminuiu gradualmente desde 2012, quando foram registradas 133 mortes. No entanto, os 115 assassinatos contabilizados até meados de setembro de 2015 mostram que o ano já pode ser considerado o mais perigoso para jornalistas em todo o mundo”, diz um trecho do relatório da ONG.
—Os números do IPI revelam o cenário alarmante em que jornalistas ao redor do mundo estão sendo cada vez mais visados por seu trabalho. A morte de um jornalista é a mais horripilante forma de silenciar um indivíduo ou a mídia de determinado país, e também de negar ao público notícias e informações às quais tem direito, destacou Barbara Trionfi, diretora executiva do IPI, que acrescentou: “O grande número de casos sob revisão reflete a dificuldade em obtermos informações confiáveis sobre os motivos por trás das mortes de jornalistas, em grande parte devido á falha dos países em abrirem e conduzirem adequadamente as investigações. A incapacidade, ou em alguns casos, a negligência, de levar criminosos a julgamento é o que continua alimentando esses crimes terríveis.”
De acordo com o IPI, dos 61 casos de jornalistas mortos confirmados no “Death Watch”, 15 resultaram de acidentes durante cobertura de matérias. O jornalista sírio Thaer al-Ajlani, por exemplo, morreu ao ser atingido por estilhaços de um morteiro enquanto cobria o confronto entre grupos rebeldes e forças pró-governo em Jobar, na Síria.
O maior número de mortes em 2015, no entanto, conforme o estudo, foram intencionais para atingir profissionais de imprensa perseguidos pelo conteúdo de suas reportagens. Em todo o mundo, 46 jornalistas foram assassinados desde janeiro último, muitos dos quais já haviam sido ameaçados de morte ou sequestrados.
O assassinato do radialista brasileiro Gleydson Carvalho enquanto fazia uma transmissão ao vivo no último mês de agosto, e as imagens que registraram o assassinato da jornalista colombiana Flor Alba Núñez Vargas demonstram a natureza dos ataques e sublinham os riscos que os jornalistas correm para perseguirem suas histórias, analisa o IPI.
Das 61 mortes em 2015 já incluídas no “Death Watch”, cerca de um terço foi reivindicado pelo Estado Islâmico(EI), entre execuções sumárias e ataques durante cobertura jornalística em áreas de conflito. Membros do grupo extremista executaram 19 jornalistas de várias nacionalidades, além de 13 naturais do Iraque. Todos foram mortos enquanto reportavam conflitos liderados pelo EI.
Em relação ao Brasil, o documento do IPI cita as mortes dos jornalistas Gleydson Carvalho, em 6 de agosto, em Camocim, no Ceará, e de Gerardo Servian, no dia 5 de março, na cidade de Ponta Porá, fronteira com o Paraguai, onde Servian trabalhava em uma emissora de rádio.
Contudo, desde o início de 2015 pelo menos cinco profissionais de imprensa foram assassinados no Brasil, de acordo com relatórios de entidades que atuam em defesa da categoria. Entre os casos o do repórter Patrício Oliveira, 39 anos, morto em março no município de Brejo Santo, após deixar a sede da rádio Sul Cearense AM; do radialista Francisco Rodrigues de Lima, 62 anos, assassinado no estacionamento da rádio FM Monte Mor, em Pacajus(CE); do radialista José Targino dos Santos, no Maciço de Baturité(CE). No mês de maio, em apenas cinco dias foram mortos o radialista Djalma Santos da Conceição, apresentador de uma rádio comunitária de Conceição da Feira, no Recôncavo Baiano, e o editor do blog de notícias “Coruja do Vale” Evany José Metzker, cujo corpo foi encontrado decapitado na zona rural de Padre Paraíso, em Minas Gerais.
Veja abaixo o número de jornalistas mortos em todo o mundo denunciado pelo IPI
*FONTE: IPI