26/07/2023
Três matérias, ditas jornalísticas, foram publicadas em menos de 24 horas com tentativas de desqualificar o economista, professor e pesquisador Márcio Pochmann. Os textos, de cunho político indiscutível, pretendem disseminar a ideia de que seu percurso profissional e acadêmico não o habilita a ocupar a presidência do IBGE.
Advogam que haveria perfis puramente técnicos para o cargo e que este deveria ser ocupado por um desses perfis. Desde logo, não há perfil puramente técnico entre economistas e, tampouco, entre os jornalistas ou entre profissionais de qualquer outro ramo. O professor Márcio Pochmann tem uma longa carreira acadêmica e profissional e, como é prática dessa carreira, foi ampla e recorrentemente avaliado por seus pares.
O debate, entre atores políticos, como demonstram ser o jornalista e as duas jornalistas que assinaram tais matérias, sobre o futuro do IBGE e a escolha de seu novo presidente é salutar. Nocivo é cobrirem-se do véu de jornalistas neutras para atuarem politicamente. Infame e vil é tentarem disseminar a ideia, atribuída a terceiros não identificados, de que Pochmann poderia manipular índices de inflação.
A Associação Brasileira de Economistas pela Democracia repudia o ataque orquestrado contra Márcio Pochmann, contra a Unicamp e contra as linhas de pensamento econômico críticas ao neoliberalismo. Repudia, ademais, a ética jornalistica, ou a ausência dela, praticada nestes três exemplos.
Associação Brasileira de Economistas pela Democracia
A Associação Brasileira de Estudos do Trabalho (ABET) vem a público manifestar sua solidariedade ao professor Márcio Pochmann e ao Instituto de Economia/UNICAMP, em face das investidas de jornalistas que, irresponsavelmente, colocam em xeque a conduta ilibada e a trajetória profissional de Márcio Pochmann e de uma escola que apresenta importante contribuição para o debate econômico nacional.
As informações desabonadoras da expertise do Professor Márcio Pochmann e sugestivas de uma suposta atuação tendenciosa junto ao IBGE carecem de base técnica e de evidências empíricas e, não apenas desrespeitam a construção acadêmica e profissional de Márcio, como de todo o campo de estudos econômicos que compartilha das mesmas abordagens e premissas teóricas.
As divergências políticas e teóricas que podem conduzir a oposições ao nome de um profissional a um determinado cargo devem ser colocadas de maneira transparente, com manifestação explícita do seu conteúdo político, e não dissimuladas por ataques impertinentes e ofensivos.
Márcio Pochmann é professor e pesquisador da Unicamp, instituição internacionalmente renomada pela produção acadêmica de excelência, na qual atua promovendo a formação de gerações de profissionais do Brasil e de outros países. Trata-se de uma trajetória eticamente comprometida com a universidade pública e de uma atuação tecnicamente qualificada, dirigida à defesa de um projeto de país voltado ao desenvolvimento socioeconômico e ao combate às desigualdades, cuja produção acadêmica volta-se a pautas progressistas que colocam a questão de classes e a defesa dos trabalhadores e trabalhadoras no centro do debate público.
A estratégia de desqualificação de condutas não contribui para elevar o nível do debate público e desinforma a sociedade a respeito das reais disputas em torno das indicações para cargos de direção institucional. A ABET entende que o debate político franco e aberto, com assunção de posições claras e respeito aos adversários, é o caminho para a construção democrática de que o país necessita. Renovamos nossa solidariedade e respeito ao Professor Márcio Pochmann e ao Instituto de Economia da Unicamp, pela grandiosa contribuição que entregam ao campo dos estudos do trabalho.
Associação Brasileira de Estudos do Trabalho
A agressão feita pela jornalista Miriam Leitão ao economista Márcio Pochmann motivou uma dura crítica do jornalista Luís Nassif, editor do GGN. Segundo Nassif, Miriam age como um escorpião, que retomou o lavajatismo. Segundo ele, a colunista “voltou a ser a Miriam macarthista, usando o seu jornal para acusar Pochmann do pior crime que um pesquisador poderia cometer: a manipulação das estatísticas, se vier a assumir a presidência do IBGE”.
“É uma crítica covarde – porque valendo-se do poder de divulgação do maior jornal brasileiro – para tentar exterminar um adversário de ideias. E comprova que o lavajatismo é parte irreversível da alma de certo jornalismo tupiniquim. O bolsonarismo se transformou no maior limpador de biografias do jornalismo. Passada a fase do silêncio obsequioso, volta-se ao velho padrão de exterminar inimigos”, acrescenta.
A ABI se solidariza com o economista Márcio Pochmann.