21/12/2020
Mortes: Em busca da superação, transformou a dor em alegria
Em 2011, Eloisa perdeu o filho adolescente assassinado com um tiro na nuca
Alegria, boas e engraçadas histórias, generosidade e predisposição para ajudar os amigos. Assim a jornalista Eloisa Leandro arrancava sorrisos e conquistava a admiração das pessoas.
Amiga desde 2006, a jornalista Amanda Melo Raiter Clarindo, 37, diz que Eloisa ajudou muitos amigos a conseguirem emprego.
“Ela não tinha medo de ajudar os outros a arrumar trabalho. Sempre dava indicações quando sabia de vagas. “A Eloisa gostava de ver as pessoas crescerem”, afirma.
Natural de Niterói (RJ), Eloisa era empoderada antes da utilização do termo. Determinada e batalhadora, com a morte da mãe, tornou-se responsável pelos cuidados com o pai, que tem mal de Alzheimer.
A vida não lhe ofereceu flores o tempo inteiro. Eloisa sentiu na pele e no coração a maior dor que uma mãe pode ter, indubitavelmente: a perda de um filho.
Em junho de 2011, Victor Hugo da Silva Braga, na época com 15 anos, foi assassinado com um tiro na nuca, perto de onde morava, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro.
A partir do fato, Eloisa viveu para tentar encontrar os responsáveis pelo crime. Um homem chegou a ser preso, mas o autor dos disparos continua livre.
Apesar de ter escolhido viver com alegria, o sentimento de impunidade a acompanhava.
Eloisa era jornalista, formada pela Universidade Estácio de Sá. Trabalhou em assessoria de imprensa e várias redações de jornais, como A Tribuna e Jornal O São Gonçalo.
No dia 10 de dezembro, Eloisa Leandro sofreu uma parada cardíaca e morreu aos 41, após um procedimento estético.
Amiga desde a faculdade, a jornalista Karem Soares, 37, chegou a sugerir o adiamento da cirurgia para depois da pandemia.
Eloisa seria madrinha de batismo de seu filho Arthur, que tem pouco mais de um ano.
“Estou tão perdida que nem sei direito o que fazer. Uma coisa é certa: Eloisa será a madrinha do Arthur e assim ele lembrará dela para sempre”, diz Karem.
“Ela era uma meninona querendo viver o melhor da vida para compensar a tristeza. Até o último dia de vida a Eloisa tentou dar um significado bom para a vida”, comenta Amanda.