Documentário sobre Riofilme tem início na ABI


01/10/2012


O cineasta Cacá Diegues iniciou na ABI, no dia 24, as filmagens para um documentário sobre os 20 anos da RioFilme – Empresa Distribuidora de Filmes S.A, vinculada à Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. O objetivo da produção é resgatar a importância histórica da empresa no âmbito do cinema nacional através de depoimentos de pessoas que contribuíram para a criação e o desenvolvimento da empresa ao longo de duas décadas.
 
O Auditório Oscar Guanabarino, localizado no 9º andar do edifício-sede da ABI, foi o cenário do primeiro dia de gravação, quando foram entrevistados o Presidente da ABI, Maurício Azêdo, autor do projeto de lei que criou a RioFilme; Paulo Braga, Eduardo Granato e Nei Santana, filho do cineasta Nelson Pereira dos Santos, que participaram da elaboração do projeto para a criação da Riofilme e desenvolveram longa trajetória na indústria cinematográfica brasileira.
 
—Estou iniciando as filmagens com depoimentos de pessoas que foram fundamentais para a criação da Riofilme. Maurício Azêdo, que fez a lei, junto com Francisco Milani, e Paulo Braga, Eduardo Granato e Nei Santana, idealizadores da empresa, disse Cacá Diegues.
 
Os profissionais da Luz Mágica Produções, de propriedade do cineasta, vão se dedicar ao projeto durante cerca de um mês, prazo inicialmente previsto no organograma de filmagem.
 
—Vamos entrevistar todos os seis diretores da Riofilme durante esses 20 anos e também cineastas, produtores, realizadores e fotógrafos, entre outras pessoas que foram beneficiadas ou não pela Riofilme, explicou Cacá Diegues.
 
O papel da empresa na história do cinema brasileiro será evidenciado na narrativa documental:
—A Riofilme foi muito importante porque surgiu em um momento em que o cinema brasileiro estava no fundo do poço. Em 1990, o ex-presidente Collor havia acabado com a Embrafilme e com todas as possibilidades de se fazer cinema no Brasil. A Riofilme, uma empresa municipal se transformou no único meio de se fazer cinema no País. Vale lembrar que entre 1990 e 1993 não se fez filmes no Brasil. A produção só foi retomada com a criação da Riofilme, que participava como produtora ou distribuidora. Podemos afirmar que a Riofilme é a mãe da retomada do cinema brasileiro. Dentro desta perspectiva, vamos analisar a representatividade desta empresa ao longo de 20 anos, grifou o diretor.
 
Adesão
 
O projeto de lei para a criação da Riofilme foi aplaudido por diversos setores da sociedade, conta Maurício Azêdo:
—A ideia foi minha em articulação com o Vereador Francisco Milani, a quem eu dei o patrocínio do projeto, porque sendo apresentado por um artista teria possibilidade de adesão mais rápida na área cultural, especialmente junto ao pessoal do setor cinematográfico. Ao mesmo tempo, a Associação dos Funcionários da Embrafilme, dirigida por Paulo Braga, iniciou uma série de movimentos visando ao apoio da iniciativa de criação de uma instituição que exercesse o papel de apoio ao cinema brasileiro, que, até então, cabia à Embrafilme. Eduardo Granato também integrou a Associação dos Funcionários da Embrafilme.
 
O projeto foi aprovado por unanimidade pela Câmara Municipal do Rio e sancionado pelo então Prefeito Marcello Alencar:
—O prefeito manifestou muito empenho em implantar a Riofilme. Designou uma comissão presidida pela produtora de cinema Mariza Leão, que adotou as providências para a implantação da empresa e foi nomeada a primeira presidente da Riofilme.
 
Um papel importante nesses esforços foi desenvolvido pelo Presidente da Rioarte, Tertuliano dos Passos, sublinhou o presidente da ABI.
—Ele tinha sido do gabinete do Prefeito Marcello Alencar e colaborou muito para a tramitação do projeto no âmbito do executivo. Ney Santana também teve uma atuação muito forte porque, além de ator, era produtor e diretor cinematográfico e ajudava no encaminhamento das questões junto à classe artística para apoio ao projeto.
 
A Associação Brasileira de Imprensa, em sua trajetória de luta pelas liberdades e a democracia, participou ativamente dos movimentos pela valorização da cultura cinematográfica brasileira:
—Nos anos 70 instituímos na ABI o Cineclube Macunaíma para retomar a tradição do cineclubismo no Rio de Janeiro e dotar a Associação de uma forte atividade cultural que foi marcante com a criação do Cineclube Macunaíma, que se tornou em poucos anos o mais destacado cineclube do Brasil, ressalta Maurício Azêdo.
 
Finalidades
 
A RioFilme foi criada através da Lei número 1672, de 25 de janeiro de 1991, tendo precedência sobre as iniciativas em âmbito federal para a retomada do cinema brasileiro.
 
Em dezembro de 1992, o então Ministro da Cultura Antonio Houaiss criou a Secretaria para o Desenvolvimento do Audiovisual, com o objetivo de liberar recursos para a produção de filmes através do Prêmio Resgate do Cinema Brasileiro, e passou a trabalhar na elaboração do que viria a ser a Lei do Audiovisual, que só entrou em vigor anos mais tarde no governo Fernando Henrique Cardoso.
 
A Lei 1672 prevê como finalidades da RioFilme a distribuição de filmes no país e no exterior, a realização de mostras e apresentação de festivais, no país e no exterior, visando à difusão do filme brasileiro em seus aspectos culturais, artísticos e científicos; a realização de atividades comerciais relacionadas com o objetivo principal de sua atividade; a co-produção e participação na realização de obras audiovisuais de qualquer natureza.
 
O artigo 11 estabelece que o Prefeito constituirá uma comissão de nove membros, sob a presidência de um membro por ele indicado e composta por cineastas, artistas, produtores e técnicos de cinema, para acompanhamento de todos os procedimentos necessários à implantação da empresa.
 
De acordo com dados da Riofilme, desde a criação da empresa foram lançados mais de 200 filmes nacionais no mercado.
 
 
nbsp;