No dia em que o governo do marechal Arthur da Costa e Silva, durante a ditadura militar, baixou o Ato Institucional nº5 (AI-5), que retirou direitos políticos e abriu caminho para o recrudescimento da violência contra opositores, o jornal O Estado de S. Paulo publicou em sua edição de 13 de dezembro de 1968 um editorial com duras críticas,resumidas em seu título: Instituições em frangalhos.
O texto marcou não só o início da perseguição e censura a reportagens do jornal, mas também da resistência de diretores e jornalistas do grupo, que resultou em uma das mais significativas lutas pela liberdade de imprensa no País promovidas por um veículo de comunicação.
Essa história é contada por quem estava na linha de frente no documentário Estranhos na Noite, dirigido por Camilo Tavares. O roteiro é do jornalista José Maria Mayrink, autor do livro Mordaça no Estadão. No filme, um total de 27 depoimentos descrevem o clima de tensão e ameaças, e narram as formas encontradas pelos jornalistas para burlar a censura e garantir o direito de levar informação ao leitor. Em quase três anos – de setembro de 1972 a 3 de janeiro de 1975, foram censurados 1.136 textos, substituídos por excertos de Os Lusíadas (no Estadão) e receitas de bolo (no Jornal da Tarde), em protesto contra a censura.
Veja o filme: