10/04/2007
Marcia Martins
13/04/2007
Fotografar a degradação e a tentativa de defender a natureza na América do Sul. Esta vem sendo a pauta de Lewi Moraes desde a ECO-92 — encontro realizado no Rio de Janeiro justamente para discutir medidas de preservação do meio ambiente para as gerações vindouras. Antes, o repórter-fotográfico passou por várias redações. Das revistas técnicas da Editora Abril foi para a Fatos e Fotos, Manchete, Amiga e Sétimo Céu, da Bloch. Depois, mudou-se para o Distrito Federal, onde trabalhou no CNPq, então ligado ao Ministério do Planejamento:
— Odiei não só morar em Brasília, mas também o trabalho que executava — diz Lewi. — Eu era o fotógrafo do Presidente do órgão. No entanto, decidi voltar ao Rio para ganhar um terço do que recebia na capital federal.
No jornal Última Hora, Lewi fazia coberturas de Polícia, Esporte e Carnaval. Como o diário iniciava sua impressão em cores, o fotógrafo levou para lá a experiência adquirida no tempo em que trabalhou em revistas. Em 1977, foi contratado para a sucursal Rio da Folha de São Paulo, na época dirigida por Alberto Dines:
— Com a equipe da Folha, aprendi um novo conceito de fotografia. Dines exigia que a foto não fosse um mero apêndice do texto, mas sim um objetivo desencadeador da emoção do leitor.
Em 1978, ainda na Folha, Lewi passou por uma das situações mais difíceis de sua vida, ao ser seqüestrado, juntamente com outros jornalistas, por guerrilheiros uruguaios tupamaros que foram ao consulado da Suécia pedir asilo:
— Só fomos libertados com a presença de Barbosa Lima Sobrinho e Seabra Fagundes, que, na época, presidiam, respectivamente, a ABI e a OAB.
Outro olhar
Da Folha, Lewi saiu para fundar com outros colegas a Agência F4 — “ali fazíamos jornalismo sob a ótica do fotógrafo”, diz ele, “e as pautas, matérias e fotos eram distribuídas para revistas nacionais e estrangeiras”. Também foi Presidente da Associação Profissional dos Repórteres-Fotográficos e Cinematográficos do Rio de Janeiro (Arfoc), onde criou o projeto Jornal Sem Texto, que mostrava fotos não publicadas e promovia exposições.
Atualmente, Lewi Moraes trabalha como correspondente na América do Sul da agência britânica Woodfall Nature, que distribui reportagens sobre vida selvagem e destruição e conservação do meio ambiente. Ele ainda prefere as câmeras analógicas e “o bom e velho cromo”, embora admita gostar de tecnologia — “também a uso, mas sem me deixar escravizar por ela”, afirma. Em sua opinião, a tecnologia digital democratizou, mas também vulgarizou a fotografia. Hoje, explica, o fotógrafo não precisa saber bater uma boa foto, mas sim operar uma câmera digital:
— Acho que as câmeras digitais trazem preguiça mental aos novos fotógrafos, que usam o Photoshop como solução para seus erros. Filtros e cortes são recursos “resolvidos” hoje pelo designer. Mas não sou avesso aos avanços tecnológicos, apenas acho que o uso está equivocado.
Um bom fotógrafo, para Lewi, precisa ter, acima de tudo, cultura, conhecimento e informação. Ele acredita que, com estes instrumentos, já há meio caminho percorrido, mas vocação e percepção também são fundamentais:
— O clique certeiro acontece de repente. Não tem explicação.
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