O jornal The New York Times (NYT) publicou matéria na qual classifica o Brasil como o último no ranking da América Latina a punir crimes e assassinatos que foram cometidos por autoridades durante a ditadura militar (1964-1985).
A reportagem do NYT comenta que desde que a Presidente Dilma Rousseff sancionou o decreto que cria a Comissão da Verdade (para investigar os crimes cometidos durante o regime do golpe militar), e a Lei de Acesso a Informações Públicas, paira no ar no Brasil um clima de ceticismo sobre se o País “está preparado para lidar com os crimes do passado”.
O jornal critica a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que optou pela não revogação e validade da Lei de Anistia de 1979, embora esta seja considerada irregular pelo Tribunal Interamericano de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).
O NYT cita o exemplo de países como Argentina, Chile e Uruguai revogaram leis de anistia e puniram com duras penas militares que cometeram crimes no período ditatorial. Para o jornal, a liderança alcançada pelo Brasil na região devido aos avanços econômicos fica prejudicada pela postura do País em relação aos direitos humanos.
Segundo o jornal norte-americano, “fantasmas” do período militar começaram a se movimentar no Brasil que, “embora uma potência emergente na América Latina e quarta maior democracia do mundo, ainda fica atrás de seus vizinhos no que diz respeito a processar autoridades por crimes que incluem assassinatos, desaparecimentos e tortura”.
“O Brasil começou a encarar a possibilidade de que, no âmbito dos direitos humanos, diferentemente dos assuntos econômicos e diplomáticos regionais, o manto da liderança pode não vir tão facilmente, no fim das contas”, assinala um trecho da reportagem do
NYT.
* Com informações do New York Times e da BBC.