Em seu primeiro discurso como Presidenta eleita, Dilma Roussef (PT) disse que vai “zelar pela ampla e irrestrita liberdade de imprensa” no País. A convivência pacífica com a mídia foi um dos quatro compromissos assumidos pela petista e ex-Ministra da Casa Civil quando for empossada no dia 1º de janeiro de 2011. O anúncio foi feito em Brasília, logo após ter sido confirmada como a primeira mulher na História do Brasil a ocupar a Presidência da República.
Dilma Roussef ressaltou também que uma das principais pautas do seu Governo será a atenção aos direitos humanos, com ampla valorização da democracia “desde os direitos de opinião e expressão até os direitos essenciais, básicos, da alimentação, do emprego, da renda, da moradia digna e da paz social”.
Em seguida a sucessora do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula elogiou a cobertura da imprensa nacional e estrangeira, afirmando que é a favor de uma imprensa livre: “Não nego a vocês que por vezes algumas das coisas difundidas me deixaram tristes, mas quem como eu lutou pela democracia e pelo direito de livre opinião arriscando a vida, quem como eu e tantos outros que não estão mais entre nós, dedicamos toda a nossa juventude ao direito de expressão, nós somos naturalmente amantes da liberdade. Disse e repito que prefiro o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras. As críticas do jornalismo livre ajudam ao país e são essenciais aos governos democráticos, apontando erros e trazendo o necessário contraditório”.
Ao revelar que defende o compromisso com as liberdades de imprensa e de expressão, Dilma Roussef demonstra que o tema a coloca em rota de colisão com o seu próprio partido, que mais de uma vez durante a campanha reclamou da atuação da imprensa na cobertura de escândalos sobre tráfico de influência na Casa Civil, com denúncias que provocaram a queda da ex-Ministra Erenice Guerra.
Outro ponto que também está causando polêmica junto aos meios de comunicação foi o anúncio feito pelo Ministro Franklin Martins, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), de que até o fim do mandato do Presidente Lula, o Governo pretende encaminhar ao Congresso um projeto de marco regulatório para o setor de radiodifusão.
O assunto vai ser debatido nos próximos dias 9 e 10 de novembro, em Brasília, durante um seminário internacional, que terá a participação de especialistas de outros países que adotaram medidas semelhantes, acadêmicos e estudiosos de mídias digitais e novas tecnologias.
Derrota
Derrotado nas urnas por uma diferença de 12 pontos percentuais de vantagem para a petista (Dilma teve 56%, contra 44% de Serra), José Serra também fez um pronunciamento, no qual parabenizou Dilma pela vitória e disse que aceitava “com respeito e humildade a voz do povo nas urnas”. O discurso foi feito na noite de domingo, em São Paulo.
José Serra falou também sobre democracia e liberdade de imprensa: “Nos últimos 25 anos, o povo brasileiro alcançou muitas conquistas: retomamos a Democracia, arrancamos nas ruas o direito de votar para presidente, vivemos hoje num país sem censura e com uma imprensa livre. Somos um Estado de Direito Democrático. Fizemos uma nova Constituição, escrita por representantes do povo”.
Depois de citar o escritor mineiro Guimarães Rosa — “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem” —, José Serra disse que “eleição é uma escola sobre o futuro”.
O ex-Governador de São Paulo encerrou o seu discurso afirmando que “olhando pra frente, sem picuinhas, sem mesquinharias” ele tem esperança sobre o futuro do País. José Serra disse ainda que está disposto a ajudar a construir um Brasil melhor, e não escondeu o desejo de um dia vir a ser Presidente da República: “Quero ser o presidente da união”, declarou Serra.