07/06/2021
Por Rogério Marques, conselheiro da ABI
O governo de Jair Bolsonaro tem representado para a liberdade de imprensa um retrocesso nunca visto desde o fim da ditadura militar. As agressões sofridas pelos jornalistas nas redes sociais e ruas, por milícias bolsonaristas, são estimuladas pelo próprio presidente da República, em suas ofensas quase diárias aos repórteres e aos veículos de comunicação.
Além disso, os profissionais da mídia têm enfrentado investigações e processos judiciais apenas por exercer o seu trabalho, ter opiniões, fazer críticas. É o caso dos jornalistas Aroeira e Ricardo Noblat e do sociólogo Celso Rocha de Barros. Os três vão participar de um debate no canal da ABI no YouTube, nesta segunda-feira, 7 de junho, quando se comemora o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa.
A ORIGEM DA DATA
Nessa data se defende, principalmente, a liberdade de expressão e de imprensa. Foi em 7 de junho de 1808 que começou a ser impresso em Londres o jornal Correio Braziliense (encerrado em 1822), pelo jornalista Hipólito José da Costa. Ele defendia a liberdade de imprensa, a independência do Brasil e era crítico à Coroa portuguesa. Por isso o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa é comemorado em 7 de junho.
E foi no mês de junho de 2020 que o cartunista Aroeira publicou uma charge em que associava Bolsonaro a uma suástica, símbolo do nazismo. A charge foi compartilhada por Ricardo Noblat no Twitter. Em consequência, o então ministro da Justiça, André Mendonça, pediu à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República que investigassem os dois jornalistas com base na Lei de Segurança Nacional. Foi aberto um inquérito, arquivado no mês passado pela juíza Pollyana Kelly Maciel Medeiros Martins, da 12a Vara Federal de Brasília.
O episódio deu origem a um fato inédito na imprensa brasileira: em solidariedade a Aroeira, dezenas de chargistas produziram e divulgaram charges inspiradas no mesmo tema do colega alvo de perseguição, associando Jair Bolsonaro a suásticas.
CELSO DE BARROS É INVESTIGADO
O sociólogo Celso Rocha de Barros, colunista da Folha de São Paulo, também foi alvo, recentemente, do braço pesado do estado autoritário. No dia 10 de maio ele publicou uma coluna com o título “‘Consultório do Crime’ tenta salvar Bolsonaro na CPI da Covid”.
A Polícia do Senado abriu então uma investigação contra o sociólogo, a pedido dos senadores bolsonaristas Eduardo Girão (Podemos-CE) e Luis Carlos Heinze (PP-RS). Em seu texto, Celso de Barros afirma que Bolsonaro é defendido por senadores que buscam “tumultuar a investigação mentindo sobre medicina”.
Nesses três casos e em todos os outros de ameaças à liberdade de expressão a ABI tem sido incansável na defesa dos profissionais da mídia, contra o estado autoritário. É sobre essa grave situação que o Brasil está vivendo que Aroeira, Ricardo Noblat e Celso Rocha de Barros vão debater na segunda-feira, 7 de junho, Dia Nacional da Imprensa, no canal da ABI no YouTube, às 18h30m. Esperamos você lá.