O estudo na cadeia reduz em 39% o retorno ao mundo do crime, e o trabalho, em 48%. É o que aponta o cientista social Elionaldo Fernandes Julião “Sistema penitenciário brasileiro: a educação e o trabalho na política de execução penal”, que acaba de ser lançado no Rio. Trata-se de uma importante pesquisa que esmiúça a estrutura prisional do Brasil, para mostrar a relação de atividades nos presídios com retorno à criminalidade.
Com a análise de mais de 50 mil fichas de prisão, a obra é fruto da tese de doutorado de Julião, que traz à tona dados de uma área ainda pouco pesquisada e revela a vida daqueles estão em privação de liberdade. Além disso, o livro proporciona ao leitor um mergulho na realidade de ex-presidiários e dos programas de ressocialização.
A abordagem da pesquisa tem como pano de fundo a Lei de Execução Penal, sancionada há quase 30 anos, mas que ainda não encontra no poder público sua prática adequada de garantia dos direitos do preso e do egresso.
Além de ser um estudioso do assunto, a afinidade de Julião com o tema vem de suas atuações em programas sociais de políticas públicas para detentos. “É irreal e mentiroso o que se fala de reincidência à criminalidade no Brasil”, destaca o professor, que pôde fazer comparações com o sistema carcerário de países que visitou da Europa e da América Latina.
Ele vem divulgando o livro em eventos no país e no exterior dos quais é convidado a participar, como no IV Encuentro Latinoamericano de Educadores y Tesistas sobre La Educacion em Cárceles, que acontecerá em La Plata, Argentina, nos dias 5 e 6 de outubro. Nos últimos dias 11 e 12 de setembro, ele esteve no Seminário “Prisão e Práticas Educativas: Perspectivas”, na Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais.
Doutor em Ciências Sociais, Elionaldo Fernandes Julião é professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF) e do Instituto de Educação de Angra dos Reis.
Serviço:
O livro pode ser encontrado nas livrarias Saraiva, Travessa e da UFF, incluindo vendas on-line.